O analista de economia da CNN, Fernando Nakagawa, expressou preocupação com o impacto que um possível aumento na taxa de juros pode ter sobre os setores de varejo e indústria no Brasil. Em sua análise, Nakagawa destacou que a expectativa de um crescimento entre 1 e 1,5 pontos percentuais na taxa Selic pode ter consequências significativas para a economia real.
Segundo o especialista, enquanto o mercado financeiro tem reagido de forma relativamente tranquila à possibilidade de alta dos juros, o mesmo não ocorre com os setores produtivos da economia. “Todo mundo está preocupado com esta possibilidade”, afirmou Nakagawa, ressaltando que empresários tendem a frear planos futuros diante da incerteza econômica.
Impacto no mercado de trabalho
Um dos principais pontos de preocupação levantados por Nakagawa é o potencial efeito negativo sobre o mercado de trabalho. O analista alertou que o desemprego, que vinha apresentando uma melhora consistente nos últimos anos, pode ser “a primeira vítima desta alta de juros”. Isso ocorreria porque, sem confiança no futuro, as empresas tendem a reduzir contratações e investimentos.
O cenário se torna ainda mais complexo quando comparado à situação internacional. Nakagawa observou que, enquanto os Estados Unidos sinalizam cortes nas taxas de juros, o Brasil caminha na direção oposta, o que poderia resultar em uma desaceleração da atividade econômica nacional.
Desafios para o novo presidente do Banco Central
O analista também comentou sobre os desafios que o provável novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, enfrentará caso seja confirmado no cargo. Nakagawa destacou o dilema entre conter a pressão inflacionária e manter o apoio político, já que “no mundo político ninguém gosta, seja esquerda ou direita, de juros altos”.
A situação exigirá um equilíbrio delicado entre as demandas do mercado financeiro, do setor produtivo e do cenário político. Nakagawa concluiu que será “um esforço tremendo do indicado, diante dos números e diante da política”, ressaltando a importância da política na tomada de decisões econômicas.