Com o dólar ainda volátil e em torno de R$ 5,40, os preços das passagens aéreas tendem a continuar elevados no médio e longo prazos. É o que diz o estudo “Índex para Viagens e Eventos Corporativos”, lançado pela Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas (Alagev), em parceria com a FecomercioSP.
Para explicar a razão desse fato, o estudo analisa o contexto atual:
- O querosene de aviação (QAV) é um dos principais custos das companhias aéreas e tem forte influência do dólar e do petróleo tipo Brent. No início do mês de julho, a Petrobrás reajustou o preço desse combustível em 3,2% e, mesmo assim, não houve um impacto significativo na média nacional, segundo a ANP, ficando pouco abaixo dos R$ 4 por litro;
- Como se pode observar no gráfico a seguir, o preço do querosene no Brasil segue alto historicamente, mas sem grandes oscilações. Isso se deve também ao preço mais estável do barril Brent no mercado internacional, sendo negociado desde o ano passado num intervalo entre US$ 75 a US$ 90, mesmo com conflitos recentes no Oriente Médio.
- O dólar até chegou a ter uma disparada recente e foi negociado próximo a R$ 5,80, mas cedeu novamente e atua, no momento, próximo a R$ 5,40. A moeda segue pressionada, mas ainda não exerceu uma grande influência no aumento de preços, apesar de sua volatilidade em 2024;
- Assim, a tendência para o curto e médio prazo é que não haja alterações significativas do atual quadro. Somente uma combinação de redução do preço do petróleo e valorização forte do real levaria a uma queda mais expressiva no preço do querosene, porém, é uma hipótese que não se desenha no momento;
- A conclusão do estudo, portanto, é que as passagens aéreas devem continuar relativamente caras em um horizonte de médio e longo prazos.
Faturamento do Turismo alcança patamares do pré-pandemia
Ainda de acordo com o estudo, os setores de comércio e serviços registraram crescimento de 5,2% e 1,6%, respectivamente, no primeiro semestre de 2024. No Turismo nacional, o faturamento chegou a R$ 95,3 bilhões, aumento de 1,9% e alcançando níveis similares aos observados antes da pandemia, segundo a FecomercioSP.
No entanto, o estudo também destaca um baixo nível de investimentos no País, com a taxa FBCF atingindo 16,9% do PIB, o menor nível desde 2020, enquanto países em desenvolvimento possuem taxas entre 25% e 30%.
Perspectivas para o segundo semestre
Para o fechamento do ano, a inflação deve se situar próximo dos 4% e o PIB em 2,5%, pouco acima dos 2% que eram esperados na primeira parte do ano. Sobre os juros, há algumas teses de possível aumento neste ano, porém, não há sinais graves da economia para que se possa seguir nessa direção. A tendência, no momento, é que a Selic encerre 2024 aos 10,50% ao ano.
O ritmo de evolução do País em torno de 2,5% deixa claro que o Brasil está na sua armadilha de baixo crescimento, sem condições para um avanço mais forte e de maneira sistemática, sem que haja uma pressão sobre os preços, sobretudo o de serviços, dada a escassez de mão-de-obra no mercado.
Por isso, está havendo ao longo desse primeiro semestre uma divergência de percepções. Num lado uma economia seguindo forte e, por outro, um mercado mais cauteloso, sem um clima de euforia, entre altos e baixos nas análises. Na verdade, os agentes econômicos, empresários de maneira geral, entendem que os números estão positivos, mas as incertezas futuras mantem os alertas acionados.
Perspectivas para 2025
- Para o próximo ano, num cenário base sem grandes tumultos, a economia brasileira deve apresentar mais um crescimento relativamente baixo, próximo de 2% e deve ser mais um ano de inflação similar a atual, ao redor de 4%, com o setor de serviços pressionando mais os preços;
- No lado internacional, os Estados Unidos devem baixar em breve a taxa de juros, atualmente no intervalo de 5,25% e 5,50% ao ano, contribuindo para o aumento do otimismo global e busca por moedas emergentes, dada o menor grau de risco de uma recessão por lá;
- Assim, a economia brasileira poderia se beneficiar fortemente com esse movimento do FED. Porém, há um ponto de atenção que é a indicação do próximo presidente do Banco Central, a tomar posse a partir de janeiro. Embora haja uma independência da instituição, pode haver pressões políticas para redução dos juros sem o devido espaço para isso, o que elevaria o nível de risco do Brasil
“Na Alagev, temos o compromisso de oferecer informações de alto valor e relevância para nossos associados, apoiando-os na tomada de decisões fundamentadas. O Índex reflete nossa liderança e proatividade no setor, sempre com o objetivo de expandir o conhecimento e fortalecer a capacidade estratégica dos nossos membros, promovendo resultados mais assertivos em suas iniciativas de viagens e eventos corporativos”
Luana Nogueira, diretora executiva da Alagev
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