O conflito no Oriente Médio entre Irã e Israel pode causar impacto nos preços dos combustíveis no Brasil, segundo Cláudio Mastella, consultor e ex-diretor da Petrobras. Em entrevista à CNN Brasil, Mastella analisou os possíveis efeitos da alta do petróleo no mercado internacional sobre o cenário doméstico.
De acordo com o especialista, mudanças nos valores dos combustíveis no país podem ocorrer nos próximos meses, embora não preveja um impacto direto no curto prazo. “As escolhas de precificação em grande parte são feitas pela Petrobras, que tem sua política e tem acompanhado o mercado internacional”, explicou.
Mastella ressaltou que o momento atual é de muita incerteza e tensão, com o mercado reagindo mais em termos de especulação e nervosismo em relação ao que pode acontecer, do que a uma efetiva crise de suprimento de petróleo. “Até o momento é muito mais nervosismo, muito mais especulação do que efeito prático”, afirmou.
Cenário internacional e impactos na produção
O ex-diretor da Petrobras alertou que o grande impacto pode ocorrer se o conflito se alastrar pela região. Atualmente, o Irã é responsável por cerca de 3% da produção mundial de petróleo, com 3 milhões de barris por dia. No entanto, se a crise se expandir, pode afetar uma região que produz 30 milhões de barris diários.
Sobre a política de preços da Petrobras, Mastella observou que a empresa vem trabalhando para evitar repassar a volatilidade muito rapidamente ao mercado interno. Ele não vê uma desvinculação da prática de preços da Petrobras no Brasil com o mercado internacional, mas nota um ajuste menos frequente do que no passado.
Impacto positivo nas exportações brasileiras
Apesar dos riscos, Mastella destacou um aspecto positivo para o Brasil: sendo um exportador de petróleo, o país pode se beneficiar com o aumento dos preços internacionais. “O primeiro efeito prático disso é aumentar a receita da Petrobras e do Brasil”, explicou, acrescentando que o petróleo pode se tornar o principal item de exportação do país em termos de valor.
O especialista concluiu que, em termos de geração de receita, o cenário atual só traz valor positivo para o Brasil. No entanto, ressaltou que é difícil prever a extensão e duração da crise, lembrando que conflitos anteriores, como a invasão da Ucrânia, se prolongaram além das expectativas iniciais.