Gilvan Manoel
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Apesar da aparente vantagem apresentada por Emília, a verdadeira pesquisa será realizada neste domingo, dia das eleições. A partir das 17 horas, com a contagem dos votos, é que Aracaju vai conhecer o seu novo prefeito
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Até a quinta-feira (24), alguns institutos de pesquisas continuavam apresentando a possibilidade de a candidata do PL à Prefeitura de Aracaju, Emília Correia, vir a vencer a disputa contra o candidato do PDT, Luiz Roberto, neste segundo turno, com mais de 60% dos votos válidos. Desde 1985, ano do restabelecimento das eleições diretas para as prefeituras das capitais, apenas dois políticos extremamente habilidosos e carismáticos conseguiram ultrapassar a marca de 60% dos votos válidos, logo no primeiro turno: Jackson Barreto (JB) e Marcelo Déda.
O empresário petista Marcelo Barreto fez um levantamento dos resultados obtidos pelos eleitos nesse período que mostra uma diferença gritante entre os votos obtidos por JB e Déda em eleições anteriores e os números de Emília nestas eleições. No primeiro turno, a candidata bolsonarista conquistou nas urnas 126.365 votos, o correspondente a 41,62% dos votos válidos. Já o candidato do PDT chegou em segundo lugar com 72.427 votos, o equivalente a 23,86% dos votos válidos.
Em 1985 Jackson foi eleito com 70,07%; em 1988 Wellington Paixão obteve 57,2%; em 1992, Jackson alcançou 66,0% dos votos válidos; em 1996, João Gama foi o vitorioso com 53% dos votos; em 2000, Déda venceu pela primeira vez com 52,8%, sendo reeleito em 2004 com 71,39% dos votos; Edvaldo Nogueira foi eleito em 2008 com 51,7%; João Alves obteve em 2012 52,7% dos votos; Edvaldo voltou a vencer em 2016 alcançando 52,1%, e foi reeleito em 2020 com 57,8% dos votos válidos.
Na noite de quinta-feira, o Instituto Paraná Pesquisas divulgou novo levantamento já mostrando índice abaixo de 60% a favor de Emília. A pesquisa, registrada sob o número SE-04788/2024, foi realizado entre 20 e 23 de outubro, ouvindo 800 eleitores em Aracaju, apresentou os seguintes números:
Resultado da estimulada: Emília Corrêa (PL): 52,6%; Luiz Roberto (PDT): 37%; Branco, nulo ou em nenhum dos dois: 6,4%; Não responderam: 4%. No cenário de votos válidos, critério adotado pela Justiça Eleitoral, excluindo brancos, nulos e indecisos, Emília alcançaria 58,7%, enquanto Luiz Roberto somaria 41,3%.
Na pesquisa espontânea, quando os eleitores não têm acesso aos nomes dos candidatos, Emília Corrêa registra 42,1%, e Luiz Roberto, 30,4%. Em relação à rejeição, Emília tem 37,6%, enquanto Luiz Roberto enfrenta maior resistência, com 51,4%.
Até este sábado serão divulgadas novas pesquisas que podem apresentar números mais realistas, apesar de não conseguir captar os reflexos do debate que estava programado para acontecer no final da noite de sexta-feira (25), pela TV Sergipe, com a participação dos dois candidatos.
Entusiasmada apoiadora da gestão João Alves Filho, que interrompeu o ciclo de crescimento na cidade após amplo desenvolvimento a partir de 1985, Emília não enxergava defeitos na administração do aliado. Ao invés de denunciar o descalabro que viveu a Prefeitura de Aracaju naqueles anos, fazia discursos defendendo o caos e o atraso no pagamento dos servidores públicos.
Hoje tenta se apresentar como a solução para a suposta crise que enxerga viver a cidade, aliada aos irmãos Amorim, o que há de mais retrógado na política sergipana. Ela ressuscitou politicamente a família, que utiliza métodos nada republicanos em busca de seus objetivos políticos e econômicos. O ex-senador Eduardo Amorim (PSDB) chegou a ser cogitado como candidato a vice, mas acabou sendo preterido em favor do vereador Ricardo Marques (Cidadania).
Quando Edvaldo assumiu o seu terceiro mandato, em 1º de janeiro de 2017, Aracaju vivia o caos. Nos últimos dias da administração João Alves Filho, o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Clóvis Barbosa de Melo, era quem estava sendo o prefeito de fato. Era ele quem administrava os recursos da PMA para tentar concluir o pagamento dos servidores e, de última hora, as contas de energia para evitar que o novo prefeito assumisse com o seu gabinete às escuras.
No segundo turno, Luiz Roberto foi quem conquistou maior adesão, estando entre os novos apoiadores o Psol, PT e MDB, que tiveram candidatos a prefeito no primeiro turno. E ainda em disputa os votos dos eleitores de Yandra (União), que se colocou neutra no segundo turno, além dos que se abstiveram de votar no primeiro turno, que foi um percentual de mais de 22%, o correspondente a 88 mil votos.
Apesar da aparente vantagem apresentada por Emília Correia, a verdadeira pesquisa será realizada neste domingo, dia das eleições. A partir das 17 horas, com a contagem dos votos, é que Aracaju vai conhecer o seu novo prefeito.
Pintura sobre cerâmica de Bené Santana
Indústrias fecham em Sergipe
Além da dúvida sobre o programa da Petrobras Sergipe Águas Profundas, o Estado de Sergipe continua perdendo indústrias. Na semana passada foi a vez da Fertilizantes Heringer anunciar a paralisação das atividades de sua fábrica, localizada no município de Rosário do Catete.
Segundo nota apresentada pela empresa, a decisão levou em consideração o fraco desempenho financeiro histórico e a baixa perspectiva de viabilidade econômica das plantas no atual contexto de mercado. Em maio, a fábrica de fertilizantes Unigel também deixou de funcionar.
Não foi a primeira vez que a Heringer suspendeu as suas atividades no estado. Após o fechamento da unidade sergipana, em 2018, a Heringer iniciou um plano de recuperação judicial, a fim de superar as dificuldades que surgiram, principalmente devido à desvalorização cambial, o aumento dos preços dos insumos no mercado internacional e alta dos custos logísticos. A planta voltou a funcionar em julho de 2021, com 40 empregos diretos e 250 indiretos.
O Governo do Estado se limitou a emitir nota informando que acompanha com preocupação o recente e repentino anúncio da Fertilizantes Heringer sobre a hibernação da fábrica em Rosário. “A administração estadual ressalta que a unidade conta com o apoio do Estado, por intermédio dos incentivos concedidos por meio do Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI)”, diz a nota.
Por fim, o governo estadual garante que “está trabalhando para fortalecer o setor, importante cadeia econômica do Estado, por meio da articulação do Plano Estadual de Fertilizantes. O texto contém diretrizes voltadas à modernização e expansão da produção no estado e demonstra o equilíbrio entre os contextos estadual e nacional, já que acompanha os indicativos do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF)”.
Feriado adiado
O governador Fábio Mitidieri e o prefeito Edvaldo Nogueira transferiram o feriado do Dia do Servidor Público previsto para segunda-feira, 28 de outubro, para primeiro de novembro. O objetivo é evitar o aumento da abstenção na eleição de domingo, já que os servidores e seus familiares poderiam trocar o voto por viagens no feriadão.
Caso Genivaldo
A Justiça Federal definiu a data do júri popular dos ex-policiais rodoviários federais envolvidos na morte de Genivaldo de Jesus Santos, no município de Umbaúba em 2022. O julgamento vai acontecer no Fórum da Justiça Estadual em Estância, no dia 26 de novembro.
William de Barros Noia, Kleber Nascimento Freitas e Paulo Rodolpho Lima Nascimento estão presos no Presídio Militar de Sergipe desde o dia 14 de outubro de 2022. Genivaldo foi abordado por agentes da PRF enquanto pilotava uma motocicleta sem capacete. Durante a abordagem, ele foi jogado na mala de uma viatura, onde os policiais usaram spray de pimenta e gás lacrimogêneo em espaço fechado, o que resultou em sua morte por asfixia.
Reeleição na Alese
A Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), em alinhamento com a liminar do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7734, realizou na terça-feira (22) nova eleição da Mesa Diretora do Poder Legislativo para o 2º biênio (2025-2027) da atual Legislatura.
A chapa única, encabeçada pelo deputado Jeferson Andrade (PSD), recebeu 23 votos dos deputados estaduais presentes. Apenas o deputado Luizão Donatrampi (União Brasil) não compareceu à sessão.
Além de Jeferson na presidência, a Mesa Diretora para o segundo biênio contempla os seguintes deputados: Garibalde Mendonça (vice-presidente, PDT), Luciano Bispo (1º secretário, PSD), Marcelo Sobral (2º secretário, União Brasil), Carminha Paiva (3ª secretária, Republicanos) e Georgeo Passos (4º secretário, Cidadania).
Calamidade em Poço
O conselheiro Ulices Andrade, do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe (TCE/SE), determinou na quinta-feira (24) a instauração de Mesa Técnica com a finalidade de buscar uma solução definitiva para o impasse orçamentário que levou a Prefeitura de Poço Redondo a decretar estado de calamidade pública e suspender serviços públicos essenciais à população.
Convocada para o próximo dia 5 de novembro, às 10h, na sala de reuniões do TCE, a Mesa Técnica reunirá os gestores da Prefeitura e da Câmara municipal, bem como integrantes do corpo técnico do Tribunal e o procurador-geral do Ministério Público de Contas (MPC), Eduardo Côrtes, que propôs a intervenção da Corte na sessão plenária anterior.
A Mesa Técnica é um instrumento de controle dialógico utilizado pela Corte de Contas para buscar soluções consensuais como forma de prevenção a litígios e problemas estruturais nas gestões municipais e estadual.
Motoristas de aplicativos
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, convocou para 9 de dezembro uma audiência pública para discutir a possibilidade ou não do reconhecimento de vínculo de emprego entre motoristas de aplicativo de transporte e a plataforma digital intermediadora. Pessoas e entidades interessadas em expor suas posições sobre o tema devem se inscrever até 21 de novembro.
A matéria é objeto do Recurso Extraordinário (RE) 1446336, com repercussão geral reconhecida (Tema 1.291). No recurso, a Uber do Brasil Tecnologia Ltda. questiona decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que entendeu que a relação de um motorista com a plataforma cumpria os requisitos da CLT para o reconhecimento do vínculo de emprego.
Segundo a Uber, esse entendimento afronta os princípios constitucionais da livre iniciativa e da livre concorrência e atinge todo o novo modelo de negócios de “economia compartilhada” de trabalho intermediado por plataformas tecnológicas.
Para Fachin, a questão está conectada aos debates globais sobre as dinâmicas de trabalho na era digital e se revela “um dos temas mais incandescentes na atual conjuntura trabalhista-constitucional, catalisando debates e divergências consistentes”. O ministro observou que a matéria já está em discussão nos Poderes Legislativo e Executivo, e entende que o Judiciário também deve dialogar com pessoas físicas e jurídicas, entidades, especialistas e instituições e, assim, contribuir para fortalecer a segurança jurídica.