O site Redator Chefe apresenta uma entrevista exclusiva com Ana Lúcia Aguiar, candidata à presidência da OAB de Sergipe e, possivelmente, a primeira mulher a ocupar este cargo. Com uma trajetória marcada pela defesa dos direitos das mulheres e pela luta por uma advocacia inclusiva, Ana Lúcia fala sobre os desafios da atual gestão, suas propostas e o papel das advogadas na construção de uma nova ordem.
Redator Chefe: Ana Lúcia, como você avalia a atual gestão da OAB de Sergipe sob a presidência de Danniel Costa?
Ana Lúcia Aguiar: Acredito que a gestão de Danniel Costa na OAB de Sergipe não conseguiu construir uma aproximação sólida com a advocacia feminina, que hoje representa a maioria da classe. O atual presidente falhou em cativar essa parcela, e isso é um reflexo de sua condução, que, na minha visão, não conseguiu priorizar as pautas importantes para as minorias e para as advogadas.
Redator Chefe: Você sente que essa falta de representatividade de gênero impacta na atuação da OAB?
Ana Lúcia Aguiar: Sim, certamente. A OAB é uma instituição histórica que vem, aos poucos, deixando de lado seu papel social, especialmente no que se refere às lutas das minorias. Há 89 anos, a OAB de Sergipe é liderada exclusivamente por homens. Agora, chegou a hora de uma mulher assumir a presidência, alguém que compreende a realidade de exclusão e violência que muitas mulheres enfrentam diariamente.
Redator Chefe: A sua candidatura surge como um marco para a OAB. Como você enxerga a possibilidade de ser a primeira mulher a presidir a entidade?
Ana Lúcia Aguiar: Sinto que este é o momento de dar voz às mulheres dentro da OAB. A minha trajetória de mais de 20 anos no Direito e o trabalho constante no enfrentamento ao machismo e à misoginia atestam o nosso compromisso com uma advocacia plural e diversificada. Tenho a convicção de que a advocacia sergipana está pronta para dar uma resposta contundente e colocar uma mulher na presidência da nossa Ordem.
Redator Chefe: Você acredita que sua postura firme pode contribuir para uma mudança na OAB?
Ana Lúcia Aguiar: Sem dúvida. Eu não sou uma militante de ocasião, e minha luta pelos direitos das mulheres é algo que levo com seriedade. Acredito que meu compromisso é com a advocacia, e meu foco será fortalecer a instituição e lutar pelas pautas importantes para a classe, sem interesses pessoais. Acredito que a atual gestão depreciou a imagem da OAB, e isso precisa ser corrigido.
Redator Chefe: Poderia compartilhar um pouco de sua trajetória na advocacia e nas entidades de classe?
Ana Lúcia Aguiar: Com certeza. Eu nasci em Missão Velha, no Ceará, e fui graduada em Direito pela Universidade Tiradentes em 2004, depois de me formar em Comunicação Social, com especialização em Relações Públicas. Também tenho pós-graduação em Gestão Pública pela FGV. No âmbito das entidades de classe, fui conselheira da Associação Sergipana dos Advogados Trabalhistas (Assat), presidi a Caixa de Assistência dos Advogados de Sergipe (Caase/OAB-SE) e, atualmente, presido a Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica em Sergipe e sou vice-presidente do Instituto de Direito Administrativo de Sergipe.
Redator Chefe: Qual mensagem você gostaria de deixar para as advogadas sergipanas?
Ana Lúcia Aguiar: Quero dizer que a hora é agora. É o momento de ocuparmos espaços de poder e mostrarmos que estamos preparadas para liderar e para defender uma advocacia justa e inclusiva. Essa luta é por todas nós, e acredito que com a união das advogadas sergipanas, faremos uma gestão que valorize a diversidade e a inclusão.