12/20/2024

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Economia no rumo certo, recorde de abertura de empresas, mais crédito: presidente do Sebrae faz balanço de 2024 | ASN Nacional

Os pequenos negócios estão fechando o ano com um balanço positivo e grandes expectativas para 2025. Aumento das projeções de crescimento da economia, mais empregos gerados e empresas abertas: 2024 manteve a expansão da economia brasileira e tendência deve continuar no próximo ano.

Só pelo Programa Acredita, até o fim de outubro, foram concedidos R$ 2,3 bilhões aos pequenos negócios, por meio de 38 mil operações de crédito em todo o país – um aumento de 72% em comparação ao ano anterior. Além disso, foram realizados 280 mil atendimentos com crédito assistido, 60 mil horas de consultoria e 400 mil horas de capacitação.

Para entender como foi o impacto dos últimos 12 meses nas micro e pequenas empresas, a Agência Sebrae de Notícias conversou com o presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima. Veja os principais pontos da entrevista:

ASN – Fazendo um balanço de 2024, nós tivemos um crescimento no PIB, só no último trimestre, de 4% – e até mais de 4%, se a gente comparar com o ano anterior, um bom momento para a economia. Podemos dizer que esse cenário foi favorável para o empreendedor?

Décio – Com certeza. Eu trago aqui aquele sentimento que foi cunhado no modelo econômico da humanidade, do qual, inclusive, veio o Prêmio Nobel de Economia em 2002, conceito esse de Daniel Kahneman, que foi um psicólogo, não um economista, que disse que a economia é comportamento. O comportamento do Brasil, portanto, mudou já a partir de 2023. Mudou no sentido de podermos permitir ter esse processo de otimismo que já se revela. Cartesianamente também, nos números.

No ano passado e neste ano, nós nos tornamos o segundo país do mundo a receber investimentos internacionais. Pela primeira vez, o Brasil, ao mesmo tempo, lidera o Mercosul, o G20 e os BRICs e constrói um processo de integração com um resultado fantástico. Inclusive, este ano, registramos a abertura de 300 novos mercados internacionais. O Brasil sai do mapa da fome e gera empregos em patamares próximos do que foi realizado há 13 anos. Saímos de 12%, 13% de desemprego para 6,2%, menos taxa dos últimos 13 anos.

Portanto, a economia é comportamento e o comportamento hoje do Brasil estabelece um marco histórico de oportunidades que o país nunca teve. Nós estamos diante de desafios enormes na economia e na vida da humanidade.

São três conceitos que são hoje paradigmas para o processo econômico. A sustentabilidade, a inovação e a economia globalizada. Nesses três aspectos, o Brasil está vivendo extraordinariamente essa janela de oportunidade. Primeiro que, na sustentabilidade, só o Brasil tem seis biomas, só o Brasil tem a Amazônia.

O Brasil é, portanto, o espaço territorial para salvar o planeta, tanto que este ano ficou confirmado que o Brasil recepcionará, no ano que vem, a COP30, trazendo para esse debate todo o planeta, e que será realizado numa parte da Amazônia, no estado do Pará, colocando o Brasil no centro do debate da transição verde. Outro aspecto é o da inteligência artificial e da inovação, que não tem mais volta também. A sustentabilidade e a inovação são conceitos que revolucionam, portanto, o modelo econômico.

Somente com o Desenrola, R$ 6 bilhões já foram renegociados, beneficiando 95 mil negócios (importante lembrar que o prazo termina no próximo dia 31). Cerca de 72% dos donos de pequenos negócios que aderiram ao Desenrola têm interesse em obter crédito novo. O interesse é maior entre os MEI, grupo em que 91,6% confirmam essa intenção. Já entre os donos de microempresas e empresas de pequeno porte, esse percentual é de 41,7%. Entre os donos de pequenos negócios que não aderiram ao Programa Desenrola, 65,1% afirmaram que não possuíam dívidas, 10,5% disseram que não se enquadram nos critérios do programa e 7,2% citaram dificuldades com burocracia.

ASN – Falando em geração de emprego: como podemos relacionar o impulso que as pequenas empresas representam para a economia do país?

Décio – A taxa de desemprego é a menor em toda a história no Brasil e as micro e pequenas empresas (MPE) respondem por aproximadamente 6 em cada 10 vagas de trabalho criadas no país, melhorando o nível de remuneração dos trabalhadores e pulverizando oportunidades.

São milhões de empreendedores e empreendedoras que acordam pela manhã e conseguem se virar, buscar o próprio sustento e fazem a economia girar. Com isso, movimentam bairros, cidades, municípios, movimentam o país e contribuem para o desenvolvimento econômico. Mais de 2 milhões de empregos foram criados este ano e, até o presente momento, foram registradas também 4 milhões de micro e pequenas empresas. Isso significa uma nova atividade econômica gerando renda.

Não podemos falar em um mundo sustentável, inovador e globalizado, se convivemos com 750 milhões de pessoas passando fome no Brasil. No espaço da inclusão, os resultados são fantásticos – quando o presidente Lula assumiu o governo, tínhamos 50 milhões de brasileiras e brasileiros no Mapa da Fome.

Hoje são 18 milhões, grande parte deles buscaram no empreendedorismo, e não em um emprego formal, a sua resiliência. O Sebrae tem muito orgulho de ser grande parte dessa capilaridade na vida dos brasileiros e das brasileiras que saíram do Mapa da Fome. Nós temos atendido, assistido, formalizado e dado aquilo que é importante para que ele tenha desenvoltura no seu próprio negócio.

ASN – Como você enxerga as dificuldades para conseguir crédito, uma vez que somente com recursos é possível ampliar os negócios, principalmente para as micro e pequenas empresas?

Décio – O crédito é uma luta permanente, porque o Brasil, infelizmente, é o palco das maiores taxas de juros do mundo. Não há explicação. Ao mesmo tempo, eu não perco o otimismo com relação a estabelecer essa luta contra os juros, que começa com a base da taxa Selic. Nesse sentido, estamos todos com uma grande expectativa de mudança no Banco Central que, por razões injustificáveis no passado recente, antes desse governo do presidente Lula com Geraldo Alckmin, recebeu uma autonomia sem igual, ou seja, são os banqueiros que decidem a carga de juros que afeta a economia brasileira.

Para ajudar a mudar esse cenário, o presidente Lula lançou um programa chamado Acredita, no qual o Sebrae se inclui com base em parte daquilo que nós temos para oferecer, por meio do Fundo de Aval para Micro e Pequena Empresa (Fampe), com o aporte de R$ 2 bilhões do Sebrae. Mas de que tamanho é esse crédito? Para se ter uma ideia, nós historicamente já tínhamos esse fundo garantidor, que nos permitia em torno de R$ 1 bilhão por ano de crédito para micro pequenas empresas. Até o fim de 2024, chegamos a aproximadamente em R$ 2,5 bilhões, mas temos uma capilaridade expressiva para atender a pequena economia.

Então, o crédito é imprescindível, no entanto, o diagnóstico é que 88% dos micro e pequenos empreendedores no Brasil não têm acesso a crédito. Isso é inimaginável, mas se explica porque o pequeno não tem garantia para dar para o banqueiro e, além disso, o Brasil não tem uma cultura de aval.

Quando a gente avaliza, abre a porta do banco. E tem um outro fator também que é importante. Nós estamos trabalhando com todas: cooperativas de crédito, Banco do Brasil, Caixa Econômica, os bancos privados.

Estamos tentando trazer todos os bancos e quando vem todo o sistema financeiro, a gente cria uma competição e o interesse aumenta para o banco receber esse empreendedor. E ainda estamos oferecendo crédito especial para as mulheres com 100% de garantia do Fampe. Junto com o crédito, nós temos o Desenrola Pequenos Negócios, para a micro e pequena empresa e para o MEI. Junto com o crédito, nós temos o Desenrola Pequenos Negócios, para a micro e pequena empresa e para o MEI, que é uma grande oportunidade: você resolve o passado e já obtém crédito para impulsionar ainda mais a sua empresa.

Por fim, temos o Mutirão do Crédito, que teve início em Brasília, que vai levar os serviços ao povo brasileiro, com tendas que a gente organiza em espaços movimentados das cidades. É onde todos os setores envolvidos com a política de crédito vão estar com o Sebrae para oferecer serviços e soluções ao empreendedor.

ASN – O empreendedor tem no Sebrae um braço para o ajudar a alavancar os negócios. Hoje em dia é um desafio manter um negócio aberto, mas não é só criar uma empresa, certo?

Décio – O Sebrae é a porta dos sonhos, mas sonhos que se realizam e se concretizam. O Sebrae está entre as 10 marcas de maior credibilidade do país. Somos a primeira instituição do Brasil com maior responsabilidade social e ganhamos o prêmio – também muito importante – de “lugar mais incrível para se trabalhar”, porque o Sebrae consegue ser uma instituição diferente de tudo que o Brasil até o momento conseguiu produzir. Se você imagina criar o seu negócio em Serviços, Comércio, Indústria da Transformação ou Agricultura, procure o Sebrae, porque estamos ali para abraçar a sua ideia para que você possa enfrentar a voracidade natural da disputa do mercado.

ASN – E quanto ao trabalho efetivado em parceria com a ApexBrasil, quais são os principais e resultados e metas?

Décio – O objetivo do convênio é promover a internacionalização de pequenos negócios brasileiros, contribuindo para seu o aumento de competitividade e diferenciação, além do incremento da participação das pequenas empresas nas exportações do Brasil. As ações propostas incluem a sensibilização para cultura exportadora, jornada digital (oferta de conteúdo, cursos e ferramentas digitais para internacionalização), consultorias (Sebraetec e outras) para implementação do plano de exportação, criação da figura do agente de Mercado Internacional, apoio para viagem de empresários para ações de promoção comercial e promoção de eventos para startups.

A previsão é de R$ 174 milhões de investimento entre as duas instituições nos 3 anos de convênio, com expectativa de negócios na ordem de R$ 3 bilhões. Isso significa que a cada R$ 1 (um real) investido, esperamos o retorno de R$ 17 (dezessete reais) em negócios internacionais. A previsão de Atendimento é de 15 mil empresas sensibilizadas.

Agora, estamos conseguindo inserir os pequenos negócios nos mercados internacionais. Com isso, estamos com este comportamento otimista, criando uma economia compartilhada, com todos crescendo – o Brasil cresce e o ambiente se humaniza. Queremos trazer este entusiasmo verdadeiro, pulverizado nas pequenas economias espalhadas por todo o nosso país. Esse setor representa quase 95% das empresas brasileiras e, só no ano passado, nos empregos formais, foi responsável por 80% da empregabilidade brasileira.

ASN – Como o Sebrae está atuando no âmbito do programa Brasil Mais Produtivo?

Décio – A participação efetiva dos pequenos negócios articulada pelo Sebrae no Programa Brasil Mais Produtivo, do presidente Lula e do vice Geraldo Alckmin, permite a inclusão deste segmento na inclusão socioeconômica, no desenvolvimento sustentável, na inovação e competitividade no setor.O Sebrae é dos pequenos, que juntos são os grandes, pois representam a pujança da economia, das cadeias produtivas do Brasil.

Desde o começo do projeto da neoindustrialização, estamos com a responsabilidade de atender e produzir resultados para 200 mil indústrias de transformação. Já contabilizamos mais de 44 mil empresas e induzimos a transformação dos processos das participantes com inovação, gerando efeitos para levar os pequenos negócios para uma economia globalizada e sustentável.

Entre os pequenos negócios, 88% não tinham acesso a crédito por não terem aquela exigência inicial do aval ou da garantia. O crédito é fundamental para o crescimento e para dar escala à neoindustrialização. Em todas as atividades que estão na abertura de mercados, nós, do Sebrae em parceria com a Apex, estamos levando o pequeno empreendedor. Qualquer brasileiro ou brasileira está comprando do outro lado do mundo. Temos que fazer com que o processo de globalização também seja um processo de inclusão dos pequenos negócios.

ASN – No setor do Turismo, os pequenos negócios também são muito fortes. O que está sendo feito neste sentido de preparar essas empresas para o aumento do fluxo de turistas para o Brasil?

Décio – Somente nos 10 primeiros meses do ano, o país já recebeu 5,4 milhões de turistas internacionais, gerando US$ 6 bilhões (R$ 34,9 bilhões) de impacto na economia, um expressivo aumento de 5,9% em relação às receitas do ano passado. Esse desempenho não só reforça a importância financeira do turismo, como também demonstra a importância dos investimentos feitos pelo presidente Lula e o vice Geraldo Alckmin para recuperar a imagem do Brasil no exterior.

Outros fatores também contribuem para este desempenho, o país lidera o Mercosul, prepara-se para assumir a presidência dos BRICS em 2025 e, mais recentemente, obtivemos uma vitória histórica com a assinatura do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, depois de 25 anos de negociações.

Os pequenos negócios, responsáveis por 97% dos empreendimentos turísticos no Brasil, são fundamentais nesse cenário. Hospedarias familiares, restaurantes locais, transportes turísticos, guias autônomos e artesãos compõem uma extensa cadeia produtiva que movimenta economias regionais e promove a inclusão social. O aumento do turismo internacional impulsiona diretamente essas atividades, gerando empregos, fortalecendo economias locais e ajudando a distribuir a riqueza de maneira mais equilibrada pelo território nacional.

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