Em entrevista à CNN, o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, afirmou que a indústria brasileira tem mostrado sinais de recuperação, mas que o crescimento ainda está fortemente atrelado à produção de commodities.
Esta constatação vem na esteira dos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontam para um avanço no setor industrial.
Segundo Vale, ao decompor o crescimento industrial, nota-se uma distinção importante em relação ao que se observa no comércio.
“A indústria que está crescendo hoje ainda é uma indústria que está relacionada muito com as commodities. Ela cresce com mais intensidade no Centro-Oeste”, explicou o economista.
Este desempenho destacado na região é atribuído principalmente ao setor de commodities, que continua sendo um motor importante para a indústria brasileira.
Contrastes regionais e setoriais
Vale ressaltaou que há um contraste notável quando se compara o desempenho da indústria com o do comércio em diferentes regiões do país.
Enquanto a indústria se destaca no Centro-Oeste, o comércio apresenta um crescimento mais robusto em outras áreas, especialmente no Nordeste, onde se observa um aumento de quase 7%.
O economista atribui essa disparidade regional no setor comercial ao aumento dos gastos públicos, que têm impactado significativamente a economia nordestina.
“A gente começa a ver com muita intensidade o impacto dos gastos públicos que estão se acelerando no comércio do Nordeste por conta de Previdência, de Bolsa Família, de salário mínimo”, pontuou Vale.
Apesar do crescimento observado, Vale adverte que o impulso industrial ainda é modesto quando comparado a outros setores da economia.
O economista ressalta que os impactos mais relevantes na economia brasileira atual não estão concentrados na indústria, mas em outros setores que têm se beneficiado do impulso fiscal observado desde o ano passado.
Este cenário desenha um quadro complexo para a economia brasileira, onde o crescimento industrial, embora positivo, ainda não superou completamente os desafios estruturais enfrentados pelo setor.
A dependência das commodities e as disparidades regionais permanecem como pontos de atenção para analistas e formuladores de políticas econômicas.