Delegada Mariana Diniz e técnico judiciário Josemilson Menezes falaram sobre o assunto
A cada 24 horas, pelo menos oito mulheres são vítimas de violência no Brasil, segundo a Rede de Observatórios da Segurança. Apesar dos avanços após a Lei Maria da Penha, que completou 18 anos, ainda existem inúmeros desafios para proteger as mulheres e romper o ciclo de medo, agressões e feminicídio.
Diante da necessidade de discutir o tema, o Ministério Público do Trabalho em Sergipe (MPT-SE) realizou um evento com servidores, estagiários e terceirizados nesta quarta-feira (28).
A vice-procuradora-chefa do MPT-SE, Clarisse Farias Malta, abriu o evento enfatizando a importância do momento. “Nós, enquanto Ministério Público do Trabalho, precisamos fazer o nosso papel. Todos os órgãos, serviços e instituições têm que se unir, aperfeiçoar nosso sistema e fazer com que as mulheres tenham ciência dos seus direitos”, ressaltou.
A delegada da Polícia Civil, Mariana Diniz, foi uma das convidadas. Ela palestrou sobre o tema e compartilhou sua experiência de mais de 20 anos na Polícia Civil, além da atuação no Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), em Sergipe.
De acordo com a delegada, são vários fatores que contribuem para que as mulheres permaneçam em relacionamentos violentos. “Elas têm medo de vingança, em muitos casos há dependência financeira e emocional, esperança de que o agressor mude o comportamento e a falta de apoio familiar”, pontuou a delegada.
Entre os aspectos que envolvem a violência contra a mulher, a delegada destacou alguns fatores de risco, a exemplo de problemas psicológicos, abuso de álcool e drogas e a tendência de sempre desqualificar a vítima. “É importante acolher e não julgar a mulher. Ela deve ser ouvida em ambiente seguro e confortável para relatar a violência, para não ser colocada em uma situação de vulnerabilidade ainda maior”, explicou a delegada.
A segunda palestra do evento foi “Transformação pela conscientização”, apresentada pelo técnico judiciário do Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região (TRT20), Josemilson Menezes Tavares. Ele atua na Divisão de Polícia Judicial do TRT20 e destacou a necessidade de combater esse crime que atinge tantas mulheres. “A violência contra a mulher é um problema social. Viemos de uma sociedade patriarcal, onde o homem acha que é dono da mulher. Só vamos conseguir mudar essa realidade através da educação. As pessoas precisam ser amadas, respeitadas e cuidadas”, destacou.
Durante a palestra, ele apresentou dados sobre a violência contra a mulher. Pesquisas apontam que, entre os agressores, 54% são parceiros íntimos das vítimas. “É necessário adotar posturas e medidas necessárias para não entrar no ciclo da violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral”, pontuou o palestrante. A servidora Thayná Pires participou do evento e falou sobre a importância de refletir sobre o assunto. “Apesar de nunca ter vivenciado, pessoalmente, uma situação de violência contra a mulher, sempre conhecemos alguém que já passou por isso. Na minha própria família, os atos de violência praticados, no passado, contra uma avó, repercutiram por várias gerações. Assim, momentos como este são muito importantes para nos conscientizar e para que possamos ajudar pessoas que estejam passando pelo mesmo problema”, comentou a servidora.