O dólar fechou o pregão desta sexta-feira (1º) no maior valor desde a pandemia, em maio de 2020: R$ 5,86.
Segundo Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galápagos Capital, a alta recorde é resultado de duas tensões: de um lado com as eleições dos Estados Unidos, e do outro o cenário fiscal do país.
“O mercado reage como sempre, ele fica tenso em véspera de decisão fiscal no Brasil, e está assim na espera do pacote [de contenção de gastos]. O mercado ainda não trabalha muito bem com a questão de que o timing de Brasília não é o mesmo timing do mercado financeiro”, afirma Pinheiro ao WW.
A economista relembra que as sinalizações vinham no sentido de que o anúncio seria após as eleições municipais. E agora, passado o pleito, o mercado está vivendo essa “tensão pré-pacote”.
Porém, Cristiano Noronha, cientista político da Arko Advice, aponta que as medidas de contenção de gastos devem ter sido bem recebidas pelo presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e que agora cabe sua definição.
Segundo Noronha, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, trabalha para convencer o mandatário com os argumentos de que o corte deve ajudar o país a retomar o grau de investimento e o governo a suavizar sua relação com o Legislativo.
“Essa seria a segunda vez que o presidente Lula garantiria o marco, o que seria uma marca importante sem dúvida nenhuma. Além disso, Haddad busca convencer o presidente que fazer o ajuste pelo lado das despesas pode abrir espaço para aprovar políticas com maior facilidade. Já está claro que o Congresso está resistente para resolver a questão fiscal só pelo lado da arrecadação“, diz.
Mas não somente de fatores domésticos vivem as tensões dos investidores, elas também se sustentam no cenário internacional.
A avaliação de Pinheiro é que o patamar atingido nesta sexta foi o cúmulo de uma série de pressões, sendo elas a criação de vagas de emprego nos Estados Unidos, o temor de que o Irã pudesse atacar Israel novamente – o que levou o preço do petróleo a subir no início dos negócios do dia – e as eleições norte-americanas.
Com o mercado precificando uma vitória de Donald Trump, a expectativa é de que um segundo mandato do republicano seja marcado por medidas que possam movimentar a economia do país, mas mantendo a inflação e os juros norte-americanos elevados por mais tempo.
“Já vemos há algumas semanas o ‘Trump Trade’. A vitória do ex-presidente é um fator que deve levar a redução de tributos para empresas e a volta de uma política protecionista, o que levou ao fortalecimento do dólar”, afirma Pinheiro.
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