O setor elétrico ainda convive com os efeitos de uma estiagem severa, que tem diminuído o volume de água armazenada nos reservatórios e provocou o acionamento da bandeira vermelha nas contas de luz, mas a proximidade do verão ressuscita um fantasma: as tempestades responsáveis por apagões de longa duração nas grandes cidades.
No verão passado, eventos climáticos deixaram milhões de consumidores sem energia nas regiões metropolitanas de São Paulo, de Porto Alegre e do Rio de Janeiro.
Na tentativa de minimizar as chances de repetição dos problemas vividos entre o fim de 2023 e o início de 2024, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) cobrou planos de contingência das maiores distribuidoras das regiões Sul e Sudeste para enfrentar a próxima temporada de chuvas fortes.
O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, se reuniu na semana passada com executivos de sete grandes grupos para verificar o andamento dos planos.
Estiveram na sede da agência representantes da Enel São Paulo (SP), Light (RJ), Cemig (MG), Copel (PR), Celesc (SC), CEEE Equatorial (RS) e Rio Grande Energia (RS).
“O foco é melhorar os sistemas de prevenção, a estrutura logística e a preparação das equipes de manutenção das redes, bem como os sistemas de atendimento aos consumidores”, disse Feitosa à CNN.
Ele afirmou que, até o fim do ano, a Aneel pretende aprovar um novo regulamento sobre a apresentação dos planos de contingência e resiliência climática pelas distribuidoras.
Para a próxima temporada de chuvas, apesar da ausência de obrigatoriedade, os planos estão sendo levados voluntariamente à agência.
“Esse procedimento vai se tornar uma rotina, a exemplo do que temos para o período de queimadas, quando as empresas já apresentam suas ações à Aneel”, afirmou o diretor.
Os planos de contingência buscam organizar e agilizar ações necessárias para o enfrentamento às emergências, minimizando as consequências negativas.Um dos pontos enfatizados por Feitosa é a comunicação com os consumidores.
No último verão, houve críticas à dificuldade de atendimento telefônico pelas distribuidoras e à demora no restabelecimento do serviço.Para o diretor, é fundamental que as empresas deem previsibilidade e estimativas reais de retorno do fornecimento em caso de apagões, a fim de reduzir a ansiedade e a insatisfação dos consumidores.
No primeiro semestre, a Aneel realizou uma tomada de subsídios para elaborar uma proposta de regulamento, que ainda não teve sua versão inicial divulgada e ainda deverá passar por audiência pública.Na tomada de subsídios, a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) fez algumas observações.
Para a entidade, os planos de contingência devem ser definidos por cada empresa levando em conta as particularidades e análises de risco climático adequados a cada área de concessão, sem a regulamentação de diretrizes mínimas pela Aneel.