GILVAN MANOEL
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A 15 dias das eleições, Aracaju pode voltar a eleger um político conservador e direitista para comandar os destinos da cidade pelos próximos quatro anos. Parece até que o caos deixado pela administração João Alves Filho em 2016 já foi esquecido.
As últimas pesquisas mostram uma liderança folgada da candidata Emília Correia (PL) e uma disputa pelo segundo lugar entre Yandra de André (União) e Luiz Roberto (PDT), que também integra uma coligação conservadora, que inclui o PP do candidato a vice Fabiano Oliveira. A candidata do PT Candisse Carvalho parece não ter chances de chegar ao segundo turno, mesmo estando exibindo diversas mensagens do presidente Lula pedindo votos para ela.
Entusiasmada apoiadora da gestão João Alves Filho, que interrompeu o ciclo de crescimento na cidade após amplo desenvolvimento a partir de 1985, Emília não enxergava defeitos na administração do aliado. Ao invés de denunciar o descalabro que viveu a Prefeitura de Aracaju naqueles anos, fazia discursos defendendo o caos e o atraso no pagamento dos servidores públicos.
Hoje tenta se apresentar como a solução para a suposta crise que enxerga viver a cidade, aliada aos irmãos Amorim, o que há de mais retrógado na política sergipana. Ela ressuscitou politicamente a família, que utiliza métodos nada republicanos em busca de seus objetivos políticos e econômicos. O ex-senador Eduardo Amorim (PSDB) chegou a ser cogitado como candidato a vice, mas acabou sendo preterido em favor do vereador Ricardo Marques (Cidadania).
Quando Edvaldo assumiu o seu terceiro mandato, em 1º de janeiro de 2017, Aracaju vivia o caos. Nos últimos dias da administração João Alves Filho, o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Clóvis Barbosa de Melo, era quem estava sendo o prefeito de fato. Era ele quem administrava os recursos da PMA para tentar concluir o pagamento dos servidores e, de última hora, as contas de energia para evitar que o novo prefeito assumisse com o seu gabinete às escuras.
Governador por três mandatos e um dos maiores líderes de sua geração, João Alves foi o pior prefeito da história recente de Aracaju. Deu calote em todo mundo, não pagou os servidores, fechou os postos de saúde e unidades de emergência, aumentou os impostos, criou taxas, suspendeu a merenda das crianças nas escolas e, segundo o vice-prefeito José Carlos Machado da época, “fechou os olhos para a roubalheira escancarada que seria praticada por seus secretários”.
Qualquer prefeito com uma gestão como a de João Alves teria sido afastado do cargo pelos órgãos de controle – o Ministério Público e o Tribunal de Contas. Contra João nada aconteceu. As ações dos órgãos de controle contra a Prefeitura de Aracaju não foram contundentes porque os órgãos de controle decidiram preservar a história que João Alves Filho construiu como governador do Estado por três mandatos. Suas gestões no governo, no entanto, não tiveram nada a ver com o caos que ele implantou na PMA.
Quando assumiu em 2017, em poucos meses, Edvaldo regularizou os salários dos servidores, reabriu postos de saúde, normalizou a merenda escolar, recuperou a sofrida malha viária da cidade e o município voltou a crescer, atraindo novos investimentos em todos os setores, inclusive na área de tecnologia.
Hoje, além de Emília, a jovem deputada Yandra Moura também está na disputa. Filha do ex-prefeito de Pirambu, André Moura (União), tem o mesmo perfil conservador da vereadora, mas, pela idade, talvez ainda não tenha tido tempo de se ligar a esses exemplos, a não ser, evidentemente, o próprio pai, que também sempre venerou João Alves Filho. Yandra faz campanha sem citar o nome do pai, hoje secretário de Governo do estado do Rio de Janeiro, mas as referências não são nada boas. André é um condenado pelo STF por desmandos em sua administração em Pirambu.
Quinze dias é tempo suficiente para ocorrer mudanças no quadro eleitoral. Ainda vai ocorrer o debate da TV Sergipe no dia três de outubro e os candidatos vão intensificar suas campanhas. Até quem lidera com folga pode cometer tropeços que comprometam o desempenho final.
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Número de indecisos diminui
Pesquisa para a Prefeitura de Aracaju, realizada pelo 100% Cidades Participações entre os dias 12 e 17 de setembro e divulgada nesta quinta-feira pela Revista Exame, mostra que ainda existe 8,7% de indecisos e 3,5% quem pensa em votar branco/nulo, o correspondente a mais de 12%. O contratante foi o próprio instituto.
Na pesquisa estimulada, os números dos candidatos são: Emília Corrêa (PL) 39,3%, Luiz Roberto (PDT) 18,4%, Yandra (União) 13,1%, Danielle Garcia (MDB) 8,0% , Candiss (PT) 6,0%, Niully Campos (Psol) 2,6%, Felipe Vilanova (PCO) 0,2% e Zé Paulo (Novo) 0,2%.
A pesquisa nacional foi registrada no TSE como SE-01793/2024 e realizou 600 entrevistas entre os dias 12 e 16 de setembro, usando a abordagem CATI (entrevista telefônica assistida por computador). A margem de erro é de 4 pontos percentuais, para mais ou para menos. Tem um nível de confiança de 95%.
A pesquisa para Prefeitura de Aracaju realizada pela Quaest, antigo Ibope, divulgada na última segunda-feira (16) pela TV Sergipe, mostrou 6% de indecisos e 7% de quem vai votar Branco/Nulo, o correspondente a 13%. Na estimulada os números foram: Emília 36%, Yandra 18%, Luiz Roberto 13%, Danielle 10%, Candisse 8%, Niully 2%, Felipe Vilanova 0% e Zé Paulo 0%. Foi registrada sob o protocolo SE-00971/2024.
O entendimento de alguns institutos de pesquisa é que os indecisos não estão na classe média ou entre os mais ricos. Não são também, necessariamente, os que estão em pior situação de renda ou escolaridade. São, na verdade, uma camada intermediária, que sonhou ter consumo de classe média, mas empobreceu recentemente.
No dia 24 de setembro tem nova pesquisa eleitoral para prefeitura da capital contratada pela TV Atalaia. O Instituto Atlasintel fez registo na quarta-feira (18), com divulgação prevista para a terça-feira (24). Outras seis pesquisas em Aracaju estão registradas no TRE, com divulgação até o dia 25.
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Sem prisões
A partir deste sábado (21), os candidatos que disputam as eleições municipais deste ano não poderão ser detidos ou presos, salvo em flagrante delito.
Pela norma, postulantes ao cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador ficam impedidos de detenção durante os 15 dias que antecedem o primeiro turno do pleito, que neste ano será realizado no primeiro domingo outubro (dia 6). A regra está prevista no parágrafo 1º do artigo 236 do Código Eleitoral (Lei nº 4.737/1965).
O objetivo da medida é garantir o equilíbrio da disputa eleitoral e prevenir que prisões sejam usadas como manobra para prejudicar o candidato por meio de constrangimento político ou o afastando de sua campanha eleitoral.
Caso ocorra qualquer detenção no período, o candidato deverá ser conduzido imediatamente à presença do juiz competente, que verificará a legalidade na detenção. Quando não houver flagrante delito, o juiz deverá relaxar a prisão do candidato.
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Bloqueio de estradas
Com o objetivo de proibir bloqueios nas estradas que dificultem o acesso das eleitoras e dos eleitores aos locais de votação, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, assinaram, na quinta-feira (19), a Portaria Conjunta nº 1, de 2024. O evento ocorreu no Espaço Ministro Sepúlveda Pertence, no edifício-sede do TSE, em Brasília.
O documento estabelece regras específicas para a atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que é subordinada ao Ministério da Justiça, nos dias 6 e 27 de outubro, datas do 1º e do 2º turno das Eleições Municipais de 2024.
De acordo com a ministra Cármen Lúcia, a portaria conjunta tem o “objetivo de não permitir que o Estado atrapalhe o direito fundamental de todo mundo, que é o direito de livremente se locomover para chegar ao local de votação e exercer, igualmente, livremente, o direito de voto”.
Nas eleições de 2022, a PRF realizou operações pelas rodovias do Nordeste para barrar o trânsito de eleitores que se deslocavam para votar. A região é conhecida por registrar grande número de votos para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O caso faz parte de um inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e apura a participação do ex-diretor da PRF Silvinei Vasques nas ilegalidades. Ele fez parte do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e comandou a corporação durante as eleições de 2022.
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Assédio eleitoral
A campanha eleitoral para prefeitos e vereadores registra até a quinta-feira (19) 319 denúncias de assédio eleitoral. O número supera em mais de quatro vezes o total de 2022, quando 68 acusações foram registradas no primeiro turno das eleições.
Os dados são do Ministério Público do Trabalho (MPT). Das mais de 300 denúncias, 265 são individuais, isto é, não houve repetição da queixa.
Apesar do número de casos superior no primeiro turno, o procurador-geral do Trabalho, José de Lima Ramos Pereira, não acredita que as atuais eleições municipais venham superar o total das eleições gerais de 2022, que após o segundo turno totalizou 3.606 denúncias.
O assédio eleitoral se caracteriza como a prática de coação, intimidação, ameaça, humilhação ou constrangimento associados a um pleito eleitoral, com o objetivo de influenciar ou manipular o voto, apoio, orientação ou manifestação política de trabalhadores no local de trabalho ou em situações relacionadas ao trabalho.
No caso dos eleitores, o prazo que proíbe a prisão é de cinco dias antes do pleito (1º de outubro), a não ser em flagrante delito.
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Mortes por policiais
Do senador Rogério Carvalho (PT) nas redes sociais: “Dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelam que Sergipe encabeça o ranking nacional dos estados brasileiros que possuem a maior proporção de mortes provocadas por policiais. Isso é muito grave!
A taxa alarmante de 36,9% expõe a negligência do Governo do Estado, que não apenas ignora essa realidade trágica, como também apoia nomes que representam a continuação de suas ações e que não fazem nada para proteger nossas crianças e jovens.
Chega de barbárie! Chega de abandono!
Enquanto eles estão preocupados em se manter no poder, nossas crianças e adolescentes estão sendo mortos pelas mãos do estado, sem qualquer amparo ou piedade. Sergipe e Aracaju precisam de líderes comprometidos com a vida, e não com a manutenção de um sistema falido e violento!”
Com agências