Recentemente, desembarcou no Brasil o CEO global da divisão Premium, Midscale & Economy da Accor, Jean-Jacques Morin, que, entre uma reunião e outra em São Paulo, atendeu o Portal PANROTAS para uma entrevista ao lado do CEO para as Américas do mesmo departamento, Thomas Dubaere.
E eles estão entusiasmados com a condução dos negócios e os resultados da rede hoteleira no País. Por vários motivos. Apesar de reconhecerem todas as dificuldades de fazer negócios por aqui, em virtude de carga tributária, burocracia e outros desafios, os europeus veem no mercado brasileiro um terreno fértil para crescer, sobretudo por conta de um aumento potencial de uma classe média ávida por viajar, o que vem acontecendo em vários outros países, e no Brasil não é diferente.
Para Morin, a Accor está colhendo os frutos de uma estratégia assertiva de expansão de seu portfólio. De 15 marcas em 2013, a rede escalou para 47 em 2024. “E as marcas são o grande elemento de sucesso de uma rede hoteleira”, afirma o francês, que chefia uma divisão com 24 marcas (Premium, Midscale e Economy – PME).
Brasil na liderança e Estados Unidos na ambição
A Accor tem 450 hotéis PME nas Américas, dos quais 65% estão no Brasil, seguido por México e depois Peru, Argentina e Chile. A meta é chegar a 600 nos próximos cinco anos, mantendo o Brasil como o líder de unidades deste pipeline.
“Mas isso não significa sair criando hotel por aí sem critérios. Temos um estudo baseado em poder de consumo e PIB, e são justamente esses termos que fazem o Brasil se manter na liderança. Temos, ainda, a ambição de consolidar mais marcas PMEs nos Estados Unidos, mas, reforço, de maneira seletiva”, justifica Dubaere.
90% das aberturas globais em modo franquia
Neste ano, a Accor converteu um hotel em São Francisco, Califórnia, em Stratford San Francisco, Handwritten Collection, o primeiro da marca no país.
“Handwritten Collection, como o nome diz, é uma marca de coleção, uma marca de conversão. Digo isso porque, do nosso pipeline para hotéis Accor PME nas Américas, que é de 150 hotéis para os próximos anos, cerca de 45% deles está sob conversão. São hotéis já existentes, que não pertencem a nenhuma marca, mas cujo produto poderia perfeitamente se encaixar em uma das nossas marcas, pois têm boa qualidade e personalidade”, complementa Jean-Jacques Morin, acrescentando ainda a Tribe como um negócio em modelo similar.
“Quem consegue converter hotéis já existentes em propriedades de marca, leva vantagem. Somos de longe a rede que converte a maior parte dos hotéis em operação. Metade do nosso volume global é fruto de conversão. Foi assim que crescemos e não foi assim que nossa concorrência cresceu. Isso nos deu vantagem, pois no mundo atual o capital está restrito e, por isso, a demanda por parte das empresas hoteleiras será muito forte nos próximos três, quatro anos, até que a situação se resolva”
Jean-Jacques Morin, CEO global da divisão Premium, Midscale & Economy da Accor
“E outra métrica importante é que cerca de 80 a 90% dos hotéis que abriremos no futuro, seja no Brasil ou em qualquer outro país, estarão sob o modo de franquia”, indica Morin.
Consumidor busca liberdade
Além do maior leque para conversão, a vastidão de marcas do portfólio da Accor, na visão de Morin, é justificada pelo desejo de personalização do hóspede e do próprio franqueado do hotel. O viajante de hoje, principalmente após a pandemia, quer ter liberdade para escolher, após décadas sendo submetido ao mesmo tipo de chuveiro, quarto e padrão.
Distribuição no Brasil
E qual é o papel dos operadores e agentes de viagens brasileiros na distribuição dos produtos Accor? “É um papel muito importante. Nosso modelo de negócios é um círculo retroalimentado entre ter boas marcas e ser capaz de distribui-las”, afirma Morin, mencionando Omnibees e B2B Reservas como motores fundamentais na distribuição indireta no País.
Vendas diretas via ALL
Mas é por meio do programa de fidelidade ALL que a Accor vem conseguindo turbinar suas vendas. “Vender direto é o que o franqueado quer, pois é menos custoso, e também é o que o consumidor quer, pois ao reservar pelo ALL ele recebe benefícios”, aponta o CEO global da divisão Premium, Midscale & Economy da Accor.
“Por uma questão de cultura de consumo, o ALL não tem o mesmo poder dos programas americanos, mas nosso crescimento é vertiginoso. Temos mais de 100 parceiros no ecossistema de experiências oferecidas, e já ganhamos alguns prêmios com o sucesso do ALL.”
No Brasil, 42% das reservas feitas nos hotéis Accor são via ALL. Azul e Santander estão entre os principais parceiros locais do programa, que recentemente ganhou um modo de assinatura, também considerado um sucesso pelos líderes entrevistados.
Mais propósitos da Accor
O belga Dubaere e seu chefe francês ainda passaram por outros temas, como a liderança global ESG da Accor nas três bases que definem a sigla (meio ambiente, fatores sociais e governança), no tamanho do desafio que foi a Olimpíada em “casa”, sendo a rede um dos patrocinadores oficiais do evento, além das comemorações de 50 anos de Ibis, completados em 2024, e da abertura do milésimo Mercure, em Macau.
Os executivos também comentaram que consideram assertiva a decisão da Accor, há pouco mais de um ano, de se reestruturar globalmente, dividindo a rede em “Premium, Midscale & Economy” e “Luxury & Lifestyle”. Segundo eles, a nova estrutura permite que o grupo consiga acelerar o crescimento e abordar melhor a evolução do mercado, prestando os mais altos níveis de serviço a todos os stakeholders.
“Outro ponto é que, antes, gastávamos energia para descobrir quais eram os valores da Accor que nos uniam. E agora, enquanto Grupo, temos uma declaração de propósito: em português é ‘pioneiros na arte da hospitalidade responsável, conectando culturas com paixão e generosidade’, que resume bem a nossa atuação em vários aspectos”, pondera Morin.
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Este conteúdo é parte integrante da Revista PANROTAS 1.589 – Edição Especial 50 Anos, que circulará no Festuris 2024, mas já pode ser lido gratuitamente em edição digital, que você confere a seguir: