A criação de uma política pública que assegurasse condições mais favoráveis de acesso a crédito para mulheres donas de pequenos negócios era uma medida urgente e almejada pelas empreendedoras brasileiras há décadas. Pesquisas feitas pelo SEBRAE mostram que, apesar do crescente protagonismo feminino no empreendedorismo, as mulheres continuam enfrentando obstáculos mais significativos que os homens na hora de buscar empréstimos no setor financeiro.
A realidade é que apenas 29,4% do crédito concedido no país beneficia empresas lideradas por mulheres. E, mesmo quando conseguem obter o empréstimo, elas acabam enfrentando taxas de juros, em média, 4 pontos percentuais mais altas do que as aplicadas a empresas geridas por homens. Esses números evidenciam um cenário de desigualdade que desestimula o empreendedorismo feminino e perpetua preconceitos e barreiras econômicas.
Em um país com mais de 10 milhões de mulheres à frente de empresas, já era tempo de darmos um passo no sentido de buscar uma maior equidade de gênero também no acesso dessas empreendedoras a serviços financeiros.
As mulheres empreendedoras desempenham um papel crucial na geração de emprego e renda e no fortalecimento das economias locais. Além disso, negócios liderados por mulheres têm um efeito multiplicador, gerando impacto positivo na comunidade e incentivando outras mulheres a empreenderem. Nesse sentido, facilitar o acesso delas a crédito significa proporcionar oportunidades de crescimento e expansão dos negócios de toda a sociedade, com o consequente aumento da produtividade e fomento do desenvolvimento econômico inclusivo.
Diante desse cenário, o SEBRAE, em parceria com o governo federal, criou o Acredita Delas, que vai oferecer aval de 100% do valor para operações de crédito destinadas a micro e pequenas empreendedoras. Além disso, o programa vai trabalhar para aproximar mulheres das instituições financeiras, promovendo também educação financeira e ofertando suporte orientado e acolhedor.
O SEBRAE também atuará com um protocolo para as instituições financeiras parceiras com o objetivo de que os agentes dessas instituições conheçam as melhores práticas e possam internalizar para o processo de atendimento às mulheres e outros públicos específicos que, geralmente, não encontram do outro lado da mesa alguém que compreenda suas realidades.
Ao assegurar condições justas de crédito para mulheres, é possível estimular a criação de negócios e a expansão dos já existentes. Isso, por sua vez, resulta em maior geração de empregos e aumento da arrecadação tributária, além de contribuir para a redução das desigualdades de gênero no mercado de trabalho. Empreendedoras bem-sucedidas tornam-se modelos inspiradores, impulsionando transformações sociais de longo prazo e criando oportunidades de autonomia para
as mulheres e histórias de superação e sucesso!
Uma política pública voltada para o crédito inclusivo é um investimento no futuro econômico e social do Brasil. Garantir que mulheres tenham acesso a condições justas de financiamento é mais do que corrigir desigualdades históricas: é apostar em um crescimento econômico justo, diverso e sustentável. Como deve ser em qualquer país que deseja ser desenvolvido e cuidar bem do seu povo.
*Margarete Coelho é diretora de Administração e Finanças do Sebrae Nacional