Concessão parcial da Deso deve garantir expansão do fornecimento de água tratada e do tratamento de esgoto para os sergipanos
O Governo de Sergipe, comprometido com o bem-estar e a saúde da população, tem buscado estratégias para garantir a universalização dos serviços de abastecimento de água tratada e de esgotamento sanitário em todo o território sergipano. Paralelo aos investimentos que tem feito na Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), a gestão estadual tem voltadas as atenções para a preocupação em atingir as metas estabelecidas no Novo Marco do Saneamento para cobertura no atendimento à população do estado.
Justamente por isso, no dia 6 de junho, foi publicado o edital para a concessão parcial da Deso, processo que se encontra em fase de habilitação e deve passar a receber propostas no dia 4 de setembro, na Bolsa de Valores B3, em São Paulo (SP). Com a concessão, a empresa selecionada terá a exploração dos serviços de distribuição da Deso pelo período de 35 anos, enquanto a companhia continuará sendo de propriedade do Estado e responsável pelas etapas de captação e tratamento da água.
Para assegurar o sucesso desse processo, o Governo do Estado, em parceria com a equipe técnica do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), realizou um estudo técnico do cenário de abastecimento de água e rede de esgoto em Sergipe. O levantamento revelou que, dos 75 municípios do estado, 48 ainda não possuem rede de esgoto, o que significa que apenas 57,1% do território sergipano é parcialmente atendido com serviços de esgotamento sanitário. A previsão é que, após pelo menos dez anos de concessão, esse percentual aumente para 90%. No que tange ao abastecimento de água, o estudo mostrou que 95,3% de Sergipe já são contemplados pelo serviço, e após dez anos de concessão, esse valor deve alcançar 99%.
E as melhorias devem ser perceptíveis mesmo antes do início da concessão. Na avaliação do governo, o processo vai beneficiar a população em diversos aspectos. Do ponto de vista econômico, são mais de R$ 6 bilhões de obra, gerando mais de sete mil empregos diretos e 13 mil indiretos. Do ponto de vista social, a população vai ver o fim de uma realidade que ainda afeta milhares delas: os esgotos a céu aberto, muitas vezes passando em frente às residências, atraindo insetos e possibilitando o contato com doenças primárias que contaminam a população.
“Por outro lado, do ponto de vista ambiental, é o fim da contaminação dos leitos dos rios e dos lençóis freáticos, porque o esgoto será descartado corretamente, de forma tratada”, indica o porta-voz do Governo de Sergipe no processo de concessão parcial da Deso e presidente da Agência Sergipe de Desenvolvimento (Desenvolve-SE), Milton Andrade. Segundo ele, a empresa vencedora deverá seguir um cronograma de investimentos de R$ 6,5 bilhões, quantia que o Estado não possui.
Saúde
Além disso, a universalização dos serviços de abastecimento de água tratada e de esgoto também é uma importante ferramenta para assegurar a saúde da população e evitar a proliferação de enfermidades como as doenças diarreicas que, de acordo com o gerente estadual de Vigilância em Saúde Ambiental da Secretaria de Estado da Saúde (SES), o biólogo Alexsandro Bueno, são infecções gastrointestinais causadas por microrganismos como bactérias, vírus e parasitas.
“A infecção é causada pelo consumo de água e alimentos contaminados. Em 2024, foram notificados 4.534.151 casos no Brasil, e em Sergipe, 28.702 casos, representando 1% do total nacional. Em 2023, Sergipe ocupou a 25ª posição entre os 27 estados em número de casos notificados. É fundamental consumir água de fontes conhecidas e adotar ações institucionais de saneamento e saúde, além de ações individuais”, explica Bueno.
Nesse sentido, o diretor de Vigilância em Saúde da SES, o médico infectologista Marco Aurélio Góes, destacou que os avanços no sistema de tratamento de água e saneamento têm reduzido a incidência dessas doenças. “Observamos neste século um grande avanço no tratamento da água, no esgotamento sanitário e no saneamento básico. Muitas doenças que antes causavam até mortes em crianças foram reduzidas, como as diarreias, que são comuns devido à presença de coliformes fecais e outros agentes infecciosos em águas contaminadas”, reforça.
Mesmo com esses avanços, em março deste ano, um caso de cólera foi identificado em Salvador (BA). Devido à proximidade entre os estados, a SES de Sergipe realiza o monitoramento do Vibrio cholerae no ambiente, com coletas em pontos estratégicos. A pasta ainda mantém o Programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, que garante que a água consumida esteja adequada e sem riscos de contaminação. “Realizamos cerca de 16 mil análises anualmente nos 75 municípios do estado para identificar problemas no padrão de potabilidade e adotar as medidas necessárias”, complementa o biólogo Alexsandro Bueno.