Apesar de abrigar um dos campi da UFS, o município de Laranjeiras oferece uma educação reprovada (Divulgação)
*Milton Alves Júnior
.
Com índices educacionais abaixo da média nacional, o nível de qualidade da educação pública ofertada para mais de 7 mil alunos no município de Laranjeiras, localizado na região da Grande Aracaju, tem sido alvo de críticas ao longo dos últimos anos por estudantes, pais e/ou responsáveis pelas crianças e adolescentes, e por gestores do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Sergipe (Sintese). De acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), referente ao ano de 2023, oficializado pelo Governo Federal, e divulgado no último dia 14 de agosto, a educação municipal atingiu 3,9 pontos. A meta apresentada pelo Ministério da Educação era de 6 pontos.
Paralelo ao comparativo nacional, em análise estadual, a cidade também apresenta ampla distância para o registro médio, o qual atingiu 5,4, conforme destacado pelo próprio MEC. Estes números atingem cenário de regressão ao promover uma análise perante aos resultados do Ideb 2021. Conforme oficializado pela pasta federal, há três anos a cidade de Laranjeiras havia registrado 4,3, quando, naquele momento, a meta nacional era de 4,9. A redução de 0,4 pontos gera impacto direto em todas as fases educacionais – as quais atingem desde a alfabetização até os anos finais. O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), apresenta ainda o grau de competência dos alunos para as disciplinas básicas: língua portuguesa e matemática.
Estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental possuem média de proficiência nível 02 – apontado como primeira etapa daquilo que pode ser considerado básico, dentro de um cenário de até nível 09; já em matemática, o nível sobe para 03, de igual modo, com um termômetro educacional que segue até a escala 09. No quadro de evolução da nota Saeb, a mais recente análise científica indica que o nível de qualidade educacional na cidade atinge patamares semelhantes ao vivenciado em 2017; isso significa redução se comparado às análises do Ideb produzidas nos anos de 2019 e 2021. Entre janeiro de 2021 e julho deste ano, a administração municipal tem enfrentado uma série de conflitos com os professores.
No primeiro trimestre de 2021, a administração do prefeito Juca de Bala enfrentou paralisações deflagradas pela classe trabalhadora em virtude do atraso no pagamento salarial e a quitação do 13º salário. Conflitos foram protagonizados ainda em virtude da falta de cumprimento diante da Lei n° 11.738, datada em 16 de julho de 2008, a qual instituiu o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público. Mãe de dois alunos matriculados na rede pública, Acássia Maria conversou com o JORNAL DO DIA na tarde da última quinta-feira, 22, e revelou que a Prefeitura de Laranjeiras anunciou impulsionamento das aulas de língua estrangeira – inglês, mas até o presente momento não cumpriu com os objetivos.
“Eu e meu esposo fazemos de tudo para que nossos filhos tenham uma educação que nós, infelizmente, não tivemos porque abandonamos os estudos para trabalhar. Eu não quero isso para eles; a prefeitura matricula todo mundo, mas não oferece educação de qualidade, isso está claro. Dizem que vão dar mais aulas de inglês sendo que os meninos nem português estão sabendo falar direito”, denunciou. Os indicativos do Ideb – e do Saeb -, entram em zona de conflito diante do publicado nível de rendimento escolar. Mesmo com a pontuação abaixo das médias estadual e nacional, 93% dos estudantes inseridos nos anos iniciais conseguem ser aprovados a cada final de ano; seguidos por 74,2% nos anos finais, e 78,4% no Ensino Médio.
A preocupação dos profissionais da educação está atrelada também ao percentual de estudantes que enfrentam distorção idade/série, ou seja, estão cursando séries abaixo do adequado. Na Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida, por exemplo, foi constatado que, já nos anos iniciais, a cada 100 crianças, aproximadamente 17 estavam com atraso escolar de 2 anos ou mais; isso significa 17,4% da comunidade estudantil matriculada nesta unidade escolar. Enfrentando conjuntura impactante, na Escola Municipal Alcino Manoel Prudente, a cada 100 crianças, aproximadamente 52 estavam com atraso escolar de 2 anos ou mais; 51,8% do quadro geral. Estes registros foram apresentados neste segundo semestre de 2024 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).
Contraponto – Desde a tarde da última quinta-feira (22) o JD busca a administração municipal para apresentar possíveis respostas para estes dados, mas até o início da noite desta sexta-feira (23), nenhuma resposta foi apresentada oficialmente.