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Em Aracaju, 25% da população é obesa, aponta levantamento; endocrinologista comenta sobre desafios e tratamento de doença – AJN1

 

Segundo a Pesquisa Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde de 2023, em Aracaju 25% da população é obesa e 62,9% dos adultos estão com excesso de peso (obesidade + sobrepeso).

Em entrevista, a endocrinologista Dra. Thais Kuhn, especialista em endocrinologia e metabologia pela SBEM, pós-graduada em Urgência e Emergência pelo Hospital Israelita Albert Einstein, com curso de atualização em endocrinologia em Harvard – Boston/EUA, traz dicas de como enfrentar o desafio da obesidade.

O diagnóstico da obesidade ideal deve ser realizado considerando vários fatores, com “medidas antropométricas, instrumentos para avaliar composição corporal. Habitualmente usa-se o IMC acima de 30 Kg/m2 para considerar obesidade, porém, ao considerar apenas peso e altura, um paciente com uma excelente massa muscular pode ser considerado obeso e um paciente sarcopênico, com elevado percentual de gordura corporal, pode ser considerado magro”, explica.

Por ser doença multifatorial, o tratamento também deve incluir várias estratégias, de forma individualizada. “Atividade física e orientação nutricional são recomendadas para todos. Em muitos casos é necessário o uso de medicamentos para aumentar a saciedade, evitar a compulsão alimentar, tratar a ansiedade e corrigir fatores que contribuem para o ganho ponderal. Em alguns casos há indicação de tratamento cirúrgico, popularmente conhecido como cirurgia bariátrica. O suporte psicológico também contribui”, detalha Dra. Thais.

A obesidade é uma doença complexa, em que vários fatores contribuem para o quadro, sejam eles orgânicos, genéticos, comportamentais, psicológicos e até culturais. “Justamente por isso o tratamento idealmente deve ser multiprofissional, o que pode ser oneroso. Além disso, não existem tantas medicações com eficácia comprovada para o tratamento da obesidade, de modo que deve ser analisada de forma individualizada qual é a medicação que melhor se enquadra para cada paciente. Para isso devem ser consideradas as comorbidades, os hábitos, quais medicações serão mais bem toleradas. O custo das medicações faz com que infelizmente não sejam acessíveis a boa parte das pessoas”, destaca.

Atualmente alternativas de tratamento, como Mounjaro e Ozempic, fazem sucesso em tratamentos para emagrecimento, principalmente entre pessoas com maior poder aquisitivo. “São medicações mais novas. Recentemente também foi lançado o Wegovy, da mesma classe, que tem mostrado resultados muito bons no tratamento da obesidade. Aumentam saciedade, têm algum efeito também no hipotálamo (glândula que fica no cérebro e que também influencia no apetite), além de promover outros efeitos benéficos, como ajudar no controle da glicemia e até da esteatose hepática, que é o acúmulo da gordura no fígado”, conta.

A obesidade contribui para aumentar risco de doenças cardiovasculares, como infarto e AVCs (“derrames”). “Os pacientes apresentam respostas diferentes, mesmo quando recebem tratamento semelhante para obesidade, e isso é influenciado por sexo, idade, genética, comorbidades, etc. Então, é importante buscar tratamento personalizado. Pessoas diferentes necessitam de tratamentos diferentes”, alerta.

“Atuo como especialista em endocrinologia e metabologia desde 2016 e acompanhei vários pacientes nesse período.  Vários casos marcaram minha trajetória. Teve uma paciente que chorou na primeira consulta, quando se pesou e viu que estava com mais de 100 Kg. Ela estava estudando para o concurso da polícia e precisaria passar pelo teste de aptidão física. Tratamos com medicação, além de dieta e atividade física.  Perdeu mais de 25 kg, passou no TAF e hoje é delegada. Gosto de contar essas histórias para encorajar as pessoas a buscarem ajuda. Obesidade tem tratamento”, finaliza.

 

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