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Empresária quebra ciclo familiar de trabalho na roça e constrói negócio para filhas

A história de Antônia Santos é um clássico retrato do perfil empreendedor brasileiro, muitas vezes forjado pela necessidade e por circunstâncias nada amigáveis. Natural da cidade de Lauro de Freitas, na Bahia, Antônia decidiu romper com o ciclo familiar de trabalho na roça e também com o preconceito de gênero para criar seu próprio negócio.

A primeira iniciativa empreendedora surgiu na informalidade: Antonia revendia produtos importados de todo tipo, além de lanches a geladinhos, em um camelô. Mas a fonte de renda logo foi interrompida depois de uma decisão das autoridades municipais.

“Sempre trabalhei na rua, mas abrir uma loja era meu sonho. Deixar de ser camelô foi um jeito de continuar sobrevivendo, com fé e coragem”, conta.

Um pequeno espaço comercial deu lugar à primeira loja de roupas de Antônia em Itinga, bairro onde morava. O estoque inicial veio de uma viagem à Caruaru, cidade pernambucana famosa por seu mercado de confecções. Sem crédito ou garantias, Antônia passou a encomendar fardos de roupas com fornecedores em consignação.

“Era tudo na base da confiança. Eu levava as peças, revendia e depois pagava aos fornecedores. Essa honestidade e confiança construída com o tempo foi o que nos trouxe até aqui”, diz.

Abrir o próprio negócio e formalizá-lo, contudo, não foi tão simples. Antônia afirma que de início houve certa resistência de seu marido, que não queria permitir que ela empreendesse.

“O sonho veio da necessidade e da motivação como pessoa humilde e do interior que sempre quis dar uma melhor condição de vida às filhas”, conta.

A loja de roupas no pequeno bairro de Itinga, em meados de 2003, logo cresceu e exigiu um espaço comercial com o dobro do tamanho. A revenda também passou a ser mais ágil, com viagens mais frequentes (e até mesmo quinzenais) à Caruaru.

A popularidade do negócio também levou Antônia a diversificar o estoque e apostar no atendimento exclusivo. “Hoje vendemos de tudo: peças femininas, masculinas e até infantis. Crescemos nesses anos porque entendemos que é tudo sobre “conquistar” o cliente”, diz.

Como principal fonte de renda da família, a loja de roupas abriu portas para as gerações futuras, custeando os estudos das duas filhas de Antônia, Daniele e Daiane. Atualmente, Daniele, que é formada em administração de empresas, está à frente do negócio, cuidando do controle de estoque e demais detalhes burocráticos da operação.

Sob nova direção, o empreendimento ampliou seu leque de fornecedores — hoje, trabalha com parceiros do Sudeste e Sul, além do Nordeste. Também sob a gestão de Daniele, a loja deve estrear no ambiente digital, com um site próprio, em breve.

“Nesse mercado, estar atualizado é o que determina se vamos crescer ou morrer. O comércio não é o mesmo de 20 anos atrás, e precisamos estar onde nosso cliente está”, afirma Daniele.

Para tanto, Daniele recebe apoio do Estímulo, projeto de incentivo ao empreendedorismo que já apoiou 3,5 mil pequenos negócios no Brasil. Além de cursos e networking, Daniele também recebeu apoio financeiro do Estímulo por meio de uma linha de crédito que facilitará os planos de expansão da loja varejista. “Queremos lançar nosso site e também ampliar nossas vendas para além da região de Lauro de Freitas. Não conseguiria fazer isso sem a confiança de parceiros como o Estímulo”.

(Texto de Maria Clara Dias)

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