Por Barroso Guimarães – Aperipê FM
Com a chegada das festas juninas, milhares de pessoas se preparam para aproveitar os tradicionais forrós, arrasta-pés e noites de muita dança. No entanto, o clima de alegria pode esconder um risco silencioso: as lesões de coluna, que afetam cada vez mais pessoas de todas as idades. Para esclarecer dúvidas e orientar a população, o fisioterapeuta, professor e palestrante Ewerton Caroso, membro da Sociedade Brasileira de Reabilitação de Coluna, concedeu entrevista ao Programa A Hora da Notícia, na Aperipê FM.

Lesões não escolhem idade – e podem ser silenciosas
Segundo o especialista, as lesões de coluna não têm causa única nem faixa etária definida. “Antigamente, associávamos dores na coluna à população adulta e idosa. Hoje, adolescentes também chegam aos consultórios com queixas semelhantes”, alerta Caroso. O problema, explica ele, é que muitas dessas lesões se instalam de forma silenciosa, sem sintomas evidentes, e só se manifestam quando já estão em estágio avançado.
O perigo dos padrões flexores
Grande parte da população vive em “padrão flexor”, ou seja, passa horas sentada, curvada sobre o computador, cuidando da casa ou dos filhos, sempre com a coluna projetada para frente. “Antes de partir para a dança, é fundamental preparar a coluna, trabalhando o oposto: os músculos extensores. Isso fortalece a musculatura profunda e dá mais estabilidade à coluna”, orienta o fisioterapeuta.
Exercício físico: aliado ou vilão?
Caroso destaca que a prática de exercícios físicos é fundamental, mas deve ser feita com orientação. “Quem treina pesado, como fisiculturistas, pode fortalecer demais a musculatura externa e esquecer da musculatura profunda, o que aumenta o risco de lesão”, explica. O ideal é corrigir disfunções, fortalecer a musculatura estabilizadora e só depois aumentar a carga nos treinos.
Cuidados antes, durante e depois da festa
Para quem vai curtir o São João, o especialista recomenda:
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Preparação prévia: exercícios de fortalecimento da coluna, especialmente dos músculos profundos.
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Durante a festa: faça pausas, descanse e hidrate-se bem. A falta de água favorece lesões.
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Após a festa: realize alongamentos, coloque as pernas para cima, alimente-se bem e recupere o sono perdido.
Riscos para quem não pratica atividade física
Segundo Caroso, quem não se prepara fisicamente está mais propenso a lesões. “Durante a pandemia, muita gente começou a pedalar sem preparo e o número de lesões disparou. O mesmo pode acontecer com quem vai para o forró todos os dias sem condicionamento”, alerta.
Automedicação não resolve o problema
O fisioterapeuta faz um alerta sobre o uso indiscriminado de medicamentos para aliviar dores na coluna. “O remédio apenas mascara o sintoma, mas não trata a causa. O ideal é procurar um profissional qualificado para avaliar e corrigir as disfunções.”
Quando procurar ajuda?
Sinais como dor lombar irradiando para as pernas, sensação de queimação, dormência ou cansaço nas pernas são sinais de alerta. “Isso pode indicar compressão discal e precisa ser avaliado rapidamente para evitar complicações como necessidade de cirurgia”, explica Caroso.
O papel do fisioterapeuta
O fisioterapeuta é o profissional indicado para investigar a origem das dores, levando em conta toda a rotina do paciente. “Nosso objetivo é descobrir o mecanismo da lesão, corrigir as causas e orientar para que o problema não volte”, afirma.
Quiropraxia e osteopatia: quando são indicadas?
Essas técnicas são seguras quando realizadas por profissionais capacitados e podem trazer alívio imediato. Contudo, Caroso ressalta que devem ser acompanhadas de exercícios de fortalecimento para garantir resultados duradouros.
Prevenção é o melhor remédio
Por fim, o especialista reforça: “O corpo humano é uma caixinha de surpresas. O ideal é buscar orientação preventiva, fortalecer a musculatura e adotar hábitos saudáveis. Assim, é possível curtir o São João – e a vida – sem dores e com mais qualidade”
Dica do especialista:
Se você vai dançar forró, arrasta-pé ou baião, prepare seu corpo, hidrate-se, alimente-se bem e respeite seus limites. E lembre-se: ao menor sinal de dor, procure um fisioterapeuta. Prevenir é sempre melhor do que remediar!