Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda do Brasil, faleceu nesta segunda-feira (12) aos 96 anos, deixando um legado complexo na história econômica do país.
Sua trajetória, marcada por momentos de grande sucesso e controversa, é analisada pelo jornalista e escritor Thomas Traumann, autor do livro “O Pior Emprego do Mundo”, que trata sobre o cargo de ministro da Fazenda.
Netto assumiu o Ministério da Fazenda em 1967 e permanecendo no cargo até 1974, período que ficou conhecido como o “milagre econômico brasileiro”.
Durante sua gestão, o Brasil experimentou um crescimento econômico superior a 10% ao ano, impulsionado pela urbanização, controle cambial e investimentos internacionais.
Do auge ao exílio
O sucesso de Delfim Netto como ministro da Fazenda o levou a acreditar que poderia ser um potencial candidato à Presidência após o governo do general Geisel.
No entanto, os militares o afastaram, enviando-o para Paris em um “exílio dourado”.
Ironicamente, Netto brincava que “sofria com caviar e champanhe” enquanto aguardava o fim do governo Geisel.
Retorno controverso
Surpreendentemente, Delfim Netto retornou ao cenário econômico brasileiro durante o governo Figueiredo, não como ministro da Fazenda, mas como o “czar da economia”.
Neste momento, ele enfrentou as consequências de sua primeira administração e uma conjuntura internacional desfavorável.
O Brasil havia quebrado, necessitando de empréstimos do FMI, e o preço do petróleo havia triplicado em dois anos.
Netto, que antes era visto como uma figura popular com aspirações presidenciais, tornou-se o “homem mais odiado” e foi responsabilizado pelo início da hiperinflação nos anos 80.
A trajetória de Delfim Netto ilustra as complexidades e desafios enfrentados por aqueles que ocupam cargos econômicos de alto escalão no Brasil.
Sua história serve como um lembrete dos altos e baixos que podem marcar a carreira de figuras públicas em posições de grande influência econômica.
Compartilhe: