Em nota de pesar pela morte do ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lembrou divergências e colaborações com o economista e afirmou que o país perdeu uma referência no debate econômico.
“Durante 30 anos eu fiz críticas ao Delfim Netto. Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos”, começou o presidente.
“Delfim participou muito da elaboração das políticas econômicas daquele período. Quando o adversário político é inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes”, continuou.
O petista ainda relembrou a recente perda da economista Maria da Conceição Tavares, no início de junho.
“Em um curto espaço de tempo, o Brasil perdeu duas referências do debate econômico no país: Delfim Netto e Maria da Conceição Tavares. Fica o legado do trabalho e pensamento dos dois, divergentes, mas ambos de grande inteligência e erudição, para ser debatido pelas futuras gerações de economistas e homens públicos”, disse Lula.
Delfim estava internado há uma semana no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, devido a problemas de saúde.
O enterro acontecerá ainda nesta segunda e não contará com a presença de Lula. A pedido de Delfim, a despedida será restrita aos familiares.
Ex-ministro de governos militares e conselheiro em gestões de Lula
O economista ocupou a pasta da Fazenda entre 1967 e 1974, durante a ditadura militar (1964-1985), servindo os governos dos generais Arthur da Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici.
Na gestão do general Ernesto Geisel, serviu como embaixador do Brasil na França. Também foi ministro no governo do general João Baptista Figueiredo (1979-1985), primeiro na Agricultura e depois na Secretaria do Planejamento da Presidência do Brasil, cargo que exerceu até o final da ditadura, em 1985.
No ano seguinte, foi eleito deputado federal, participando, inclusive, da Assembleia Nacional Constituinte no biênio 1987 e 1988. Delfim foi reeleito outras quatro vezes consecutivas, permanecendo na Câmara dos Deputados até 2007.
A condição de ex-ministro da ditadura militar não o impediu de se aproximar da esquerda e se tornar conselheiro econômico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sua primeira passagem pelo Palácio do Planalto (2003-2010). Posteriormente, aconselhou também a presidente Dilma Rousseff, de quem passou a ser crítico ao longo dos anos.
*Com informações de Lucas Schroeder e Dayres Vitória, da CNN
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