Por Barroso Guimarães
Fotos e vídeos: Sara Florêncio
O Programa A Hora da Notícia, da Aperipê FM, recebeu nesta semana duas jovens pesquisadoras sergipanas que estão à frente de um importante estudo sobre o impacto do marketing digital de alimentos ultraprocessados nos hábitos alimentares de crianças e adolescentes. Brenna Ribeiro, mestranda em Ciências da Saúde, e Fernanda Franco, mestranda em Ciências da Nutrição, ambas pela Universidade Federal de Sergipe, foram entrevistadas pelo jornalista Barroso Guimarães e trouxeram reflexões fundamentais sobre o tema.
Durante a conversa, as pesquisadoras destacaram que o ambiente digital, especialmente as redes sociais, tem exercido influência crescente sobre todas as faixas etárias — dos mais jovens aos idosos —, mas é entre adolescentes que os efeitos se mostram mais preocupantes. “Os adolescentes de hoje serão os adultos do futuro, e é justamente nessa fase de transição e busca por autonomia que vemos uma exposição excessiva a informações errôneas e extremistas, principalmente sobre saúde e nutrição”, ressaltou Brenna Ribeiro.
O estudo conduzido pelo grupo de pesquisa da UFS, em parceria com centros internacionais e a Organização Mundial da Saúde, busca entender como a publicidade de alimentos ultraprocessados nas redes sociais está associada ao aumento do consumo desses produtos e, consequentemente, ao crescimento dos índices de sobrepeso e obesidade entre crianças e adolescentes. “A rotina dos jovens vem sendo impactada não só pelo tempo excessivo em telas, mas também pela dificuldade de organizar horários para alimentação adequada e prática de atividades físicas”, explicou Fernanda Franco.

As pesquisadoras alertaram ainda para a perda do chamado “comer intuitivo”, já que muitos adolescentes acabam se alimentando de forma automática, sem perceber sinais de fome ou saciedade, devido à imersão contínua no ambiente digital. “O imediatismo, a ansiedade e o consumo desenfreado de informações e alimentos pouco saudáveis estão diretamente ligados ao aumento de doenças crônicas e transtornos alimentares”, completou Fernanda.
O protocolo de monitoramento da publicidade de alimentos não saudáveis, desenvolvido com incentivo da Organização Mundial da Saúde, é uma das respostas a esse cenário preocupante. “Nosso objetivo é contribuir para políticas públicas que promovam ambientes digitais mais saudáveis e ajudem a formar uma geração mais consciente sobre os impactos da alimentação e do consumo midiático”, concluiu Brenna Ribeiro.
A entrevista, conduzida por Barroso Guimarães, reforçou a importância do debate sobre saúde, nutrição e o papel das redes sociais na formação de hábitos, trazendo à tona um tema urgente para famílias, educadores e gestores públicos.