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Política comercial de Trump entregaria mercado global de bandeja para China, diz Thiago de Aragão ao WW

Donald Trump planeja para os Estados Unidos uma série de medidas econômicas para estimular o mercado norte-americano. O resultado, contudo, deve ser de uma inflação mais elevada e mais persistente no país, apontam especialistas.

Uma das principais crenças dos eleitores do republicano é a de que ele seria o melhor candidato para lidar com a maior economia do mundo. Porém, as propostas de aumento de tarifas, oferta de subsídios e corte de impostos para empresas norte-americanas devem pressionar a alta dos preços.

Thiago de Aragão, CEO da Arko Advice Internacional, aponta ao WW desta quarta-feira (6) que compor uma equipe que banque esse plano deve ser uma das maiores pedras no caminho do presidente eleito.

“O novo governo será mais baseado em lealdade, e será difícil encontrar alguém que ache um meio campo funcional entre a política doméstica, a aplicação de tarifas e o não prejudicamento da indústria americana”, pontua Aragão.

A proposta do republicano é taxar de 10% a 20% os produtos importados, exceto os oriundos da China. Sobre estes devem ser impostas alíquotas de até 60%.

Para além do processo inflacionário em si e da falta de insumos que pode prejudicar a indústria, o especialista reforça que a aplicação de tarifas aduaneiras não funciona da maneira como Trump espera, o que pode prejudicar seu desempenho.

“Não é possível aplicar tarifas infinitas em determinados produtos para que isso estimule o comércio e a produção local, isso entrega o mercado global de bandeja para a China, que no fim iria amar que Trump as colocasse”, enfatiza Aragão.

“À medida que ele oferece um pacote de incentivos irresistível para empresas americanas dentro dos Estados Unidos, o ‘cobertor fica curto’. Essas empresas diminuiriam o investimento delas fora do país, e o vácuo seria ocupado pela China”, conclui.

A inflação provocada por Trump, contudo, não ficaria limitada aos muros dos EUA e imigraria para o resto do mundo. No caso do Brasil, o cenário coloca mais uma pressão sobre o câmbio já depreciado do país.

“Se olhar todas as promessas de Trump, em termos de protecionismo e imigração, elas geram maior inflação, fortalecem o dólar, enfraquecem mercados emergentes e dificultam a capacidade de outros países de reduzir juros”, pontua Christopher Garman, diretor executivo para as Américas da Eurasia.

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