Foto: Barroso Guimarães, Petruska Passos Menezes e Miza Tâmara
O site Redator Chefe entrevista a psicóloga Petruska Passos Menezes sobre o Janeiro Branco, campanha nacional de conscientização sobre saúde mental. Em um momento em que o Brasil ocupa a segunda posição no ranking mundial de depressão e lidera em casos de ansiedade, a iniciativa ganha ainda mais relevância.
Redator Chefe: Como surgiu o Janeiro Branco?
Petruska Passos Menezes: O Janeiro Branco nasceu da experiência pessoal de Leonardo Abraão, que após enfrentar problemas de saúde mental, iniciou um processo de conscientização social. Começou em 2014 com divulgações nos sinais de trânsito em Uberlândia e foi crescendo com apoios institucionais.
Redator Chefe: Como a campanha se estruturou ao longo do tempo?
Petruska Passos Menezes: Inicialmente, tudo era feito com recursos próprios do Leonardo, que viajava apenas durante suas férias como professor. Com o crescimento da visibilidade, foi criado um instituto, contratou-se um designer e padronizou-se o material de divulgação. Hoje, todo o material está disponível gratuitamente no site do Instituto Janeiro Branco.
Redator Chefe: A campanha tem alcance internacional?
Petruska Passos Menezes: Sim, o Janeiro Branco chegou a países como Portugal e Angola. Temos representantes em várias cidades que auxiliam e orientam pessoas interessadas em desenvolver trabalhos relacionados à campanha.
Redator Chefe: Como funciona a mobilização durante o mês de janeiro?
Petruska Passos Menezes: Fazemos contato com toda a mídia possível – jornal, rádio, TV, internet – para alcançar especialmente o público do SUS. É importante informar que o Hospital São José é referência para atendimento de urgência em saúde mental.
Redator Chefe: Quais são as principais recomendações para a saúde mental?
Petruska Passos Menezes: Trabalhamos com cinco pilares principais: terapia, psiquiatria, alimentação, atividade física e espiritualidade. Também é fundamental ter uma rede de apoio e manter a socialização. Um ponto importante que sempre destaco é que nem tudo que é normal é necessariamente saudável.
Redator Chefe: Quais são os principais desafios no tratamento pelo SUS?
Petruska Passos Menezes: O maior desafio é o processo burocrático. O paciente precisa passar primeiro pelo clínico geral antes de ser encaminhado ao psiquiatra. Além disso, o ajuste de medicação requer acompanhamento constante, o que nem sempre é possível no sistema público.
Redator Chefe: Como funciona o tratamento psiquiátrico e suas particularidades?
Petruska Passos Menezes: É um processo que exige paciência e acompanhamento. As medicações são específicas e precisam ser ajustadas individualmente. Algumas têm efeitos colaterais iniciais antes dos benefícios aparecerem, o que pode levar alguns pacientes a abandonarem o tratamento sem orientação médica.
Redator Chefe: Como é estruturado o atendimento psicológico no SUS?
Petruska Passos Menezes: No SUS, não temos psicologia clínica individual. O trabalho é realizado de forma coletiva por uma equipe multiprofissional, incluindo psicólogo, assistente social e terapeuta ocupacional, que atendem os pacientes em grupo.