Rian Santos
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Eu repudio multidões, admito. Mesmo assim, abro um sorriso satisfeito ante a celebração da diversidade no corpo coletivo de uma grande parada cívica, alegre, multicolorida – a Parada Gay.
Um dia, nem toda forma de amor e de amar eram bem vistas. Um dia, falava-se de um amor que não ousava dizer o seu nome.
Oscar Wilde abriu a boca e foi condenado a trabalhos forçados. As travestis no Centro de Aracaju chantageiam, extorquem, ameaçam, roubam, marginalizadas pelo mesmo pacto de silêncio.
A Parada Gay, ao contrário, pronuncia toda forma de amor em alto e bom som, com todas as letras, à luz do dia, sem segredos, a carne viva da palavra oculta bronzeada pelo sol.
Casais gays, poliafetivos, trisais, pederastas, homens e mulheres promíscuos, monogâmicos, românticos incuráveis, celibatários, há de tudo nesse mundo. E numa Parada Gay todos são livres para vibrar a própria verdade.
23ª Parada Gay – “Família é quem respeita você”. É com essa premissa que a coordenação da 23ª Parada LGBT+ de Sergipe quer chamar atenção da população para as diferentes configurações e conceitos de família. O evento acontecerá no próximo domingo, dia 11, a partir das 13h, na Orla de Atalaia.
A festa começa com as atrações do palco (Sobre) Viver, montado no estacionamento da praia da Cinelândia. Nele se apresentarão grupos de dança, dragqueens, cantores e performers que vão exibir toda a diversidade da arte LGBTQIAPN+.
Mais tarde, a manifestação política na Passarela do Caranguejo será aberta com falas políticas para que se siga o desfile dos trios elétricos, com show de artistas locais e uma atração nacional ainda a ser divulgada.
A coordenadora da Parada, a militante Tathiane Araújo afirma que a crescente onda conservadora no Brasil tem desqualificado famílias compostas por pessoas LGBT, considerando como certo somente o modelo formado por casais heterossexuais cisgêneros.
“Muitas vezes a vida de um LGBT se inicia sendo rejeitado pela própria família heterossexual, de onde muitas vezes são expulsos de casa e acabam constituindo uma nova família, que pode ser formada por amigos, um companheiro ou companheira, novos pais, entre outras inúmeras possibilidades, defende Tathiane, que realizou a primeira Parada LGBT de Sergipe, em 2002.
A 23ª Parada LGBT+ de Sergipe é precedida por uma série de atividades conhecidas como o Circuito do Orgulho. Além das panfletagens por bairros de Aracaju, apelidadas de pit-stops, a programação traz, debates sobre saúde, empregabilidade, combate ao estigma e o preconceito entre outros, além de eventos culturais, exposições, sessões de cinema e debates. O Circuito é encerrado com o Seminário de Direitos Humanos que reúne militantes de cidades sergipanas e de outros estados do Brasil. (Com ASTRA).