O Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) apresentou a segunda edição de seu Net Zero Roadmap for Travel e Tourism, relatório que oferece uma compreensão do status quo da ação climática do setor de Viagens e Turismo, dando também orientações sobre jornadas de zero emissões para diferentes tipos de empresas.
De acordo com o relatório, o número de empresas globais de viagens e Turismo que estabelecem objetivos climáticos aumentou 27% nos últimos três anos, sendo mais da metade dessas empresas comprometidas com a redução de emissões.
Mas, para o VP de Pesquisa & Sustentabilidade do WTTC, Christopher Imbsen, o número ainda é baixo perto das metas de redução de emissões a serem cumpridas. Em entrevista ao Portal PANROTAS, ele destacou as ações que o conselho de viagens e Turismo tem feito para conscientizar o setor de sua responsabilidade diante das adversidades climáticas.
“Esse aumento de 27% se refere às 250 maiores empresas do setor, mas esse número ainda não é suficiente, precisamos chegar aos 100%. E estamos falando apenas das grandes empresas, vale lembrar que a grande maioria da nossa indústria se compõe de pequenas empresas, que têm menos recursos para medir suas emissões”
VP de Pesquisa & Sustentabilidade do WTTC, Christopher Imbsen
Sendo assim, como as pequenas empresas do setor de Turismo podem se tornar mais conscientes de seu impacto ambiental? “Há muitas coisas que cada um pode fazer e cada empresa precisa ter uma estratégia lógica e começar a medir qual é o seu impacto ambiental e de onde ele vem. A partir daí, é possível realizar ações para reduzir quantidade de emissões. Nosso novo relatório tem como objetivo ajudar as empresas do setor, mostrando quais passos elas podem tomar, abalisando em detalhes onde se encontram as emissões em cada uma das verticais (companhias aéreas, hotéis, cruzeiros, operadoras e agências de viagens)”.
Hotéis sustentáveis e conversas com a Embratur
Christopher Imbsen também destaca a iniciativa Hotel Sustainability Basics, sistema que verifica, de forma on-line, se hotéis estão seguindo práticas de sustentabilidade. A iniciativa global foi lançada pelo WTTC no início do ano passado em parceria com a Green Key e a SGS. Hoje, cerca de seis mil propriedades em mais de 80 países adotaram essa iniciativa e, de acordo com o VP de Pesquisa & Sustentabilidade do WTTC, já há conversas com a Embratur a respeito disso.
“Esperamos que no Brasil a nossa iniciativa alcance todos os hotéis pequenos, que não fazem parte do movimento global sobre o clima. Há muitas coisas que essas pequenas propriedades não sabem e é importante que elas entendam que a sustentabilidade não precisa ser algo caro. É possível reduzir a quantidade de energia que utilizam, a água, o lixo. Há muitas coisas que esses hotéis podem fazer, mas eles ainda não estão conscientes disso”, destaca Christopher Imbsen.
Redução das emissões no setor de Turismo
O levantamento, que se baseia na Investigação Ambiental e Social (ESR) do WTTC, também revela uma diminuição significativa na quantidade de carbono emitida pelo setor de viagens e Turismo. Segundo os últimos dados da ESR, o setor representa 6,5% das emissões mundiais em 2023, frente aos 7,8% de 2019, o que representa uma redução 10,2% na emissão de gases e mostra os avanços do setor.
Adoção do SAF entre as prioridades
Em 2023, a indústria da aviação registrou uma redução de 6% nas emissões de carbono em relação a 2019, quando as viagens e o Turismo estavam em seu apogeu. As indústrias de cruzeiros e de hospedagem, por sua vez, reduziram as emissões de carbono em cerca de 11%.
O relatório do WTTC destaca o papel do combustível de aviação sustentável (SAF) na redução da quantidade de carbono da aviação. Ao reduzir as emissões em até 80% ao longo do ciclo de vida do combustível, o SAF se tornou uma peça-chave para a descarbonização da aviação, e o levantamento do conselho mundial de viagens exige a expansão da adoção do SAF por todas as companhias aéreas.
Proteção dos oceanos e zonas costeiras
Durante a 29ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP29), realizada no Dia de Ação pelos Oceanos, O WTTC destacou a necessidade urgente de realizar ações de proteção no Turismo marinho.
Para alcançar a mitigação necessária, o WTTC sinalizou que o turismo costeiro e marinho exigirá investimentos anuais de US$ 30 milhões de dólares para redução direta de emissões de poluentes, com requisitos totais que alcançarão os US$ 65 milhões de se incluírem os esforços de adaptação climática.